Uma onça-pintada foi flagrada no momento em que dá o bote em um jacaré no Pantanal de Poconé, a 104 km de Cuiabá, próximo da região de Porto Jofre, na unidade de conservação Parque Estadual Encontro das Águas. O registro raro foi feito no último sábado (29) pelo biólogo e guia de turismo Marcos Ardevino. (Veja vídeo abaixo).
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Nas imagens, é possível ver a fêmea de onça-pintada nadando rio abaixo e o jacaré quietinho, próximo à margem. Aos poucos ela se aproxima do réptil e quando você pensa que ela irá seguir reto, em um ataque surpresa, ela abocanha as costas do animal.
O flagra surpreendente deixou o biólogo em êxtase.
“A experiência foi incrível. A caça de qualquer predador é uma das cerejas do bolo da observação de vida selvagem. Muitos turistas querem só listar espécies mas a maioria que eu recebo, também querem observar o comportamento e quando se tem a oportunidade de presenciar o comportamento de um grande predador, como a onça pintada é surreal a sensação, é uma adrenalina”, destaca Marcos Ardevino.
O biólogo destaca que a onça pintada é o terceiro maior felino do planeta e é o maior predador da América do Sul, sendo o maior felino das Américas.
“A gente fica ansioso assistindo essa cena, que é natural, pode ser meio gráfica para algumas pessoas, mas é absolutamente natural. Ter a oportunidade incrível de presenciar o comportamento de um dos grandes felinos que existe no planeta Terra, isso não tem explicação”, reforça.
Marcos explica ainda o comportamento do jacaré que é pego de surpresa pela onça que estava vindo de frente ao encontro dele.
“Este jacaré devia ser cego do olho direito. Vi umas fotos de alguns colegas depois que mostram o jacaré com o olho danificado, então isso pode ter contribuído. Mas acredito que o fator crucial deve ter sido a baixa temperatura corporal do réptil. Uma manhã meio fria, por volta de 9h, quando está começando a aquecer bem”, disse o biólogo.
No vídeo é possível ver que o jacaré não demonstra nenhuma reação. De acordo com o biólogo, como esses répteis têm sangue frio, o nível de atividade deles está relacionada com a temperatura do ambiente. Logo, se é um dia quente os bichos estão mais ativos, se é um dia frio os bichos estão menos ativos.
“Ela [onça] teve o tempo de parar ao lado do jacaré, virar o corpo e efetuar a mordida. E nesse tempo todo você vê que o jacaré permanece imóvel. Até quando ela encosta de fato no jacaré e ele começa a se debater tentando escapar mas já era tarde demais. Isso [a temperatura do ambiente associada à temperatura do réptil] pode explicar o sucesso dessa fêmea de onça-pintada”, ressalta.
O biólogo e guia de turismo, Marcos Ardevino, atua desde 2012 com observação e fotografia de vida selvagem, e explica que apesar de já ter visto cenas semelhantes como essa várias vezes, dificilmente foram tão nítidas assim.
” Na maioria das vezes elas matam em região mais fechada de vegetação. Então você não consegue um avistamento desse assim. Essas cenas são bem raras e acontecem poucas vezes ao ano, que dá observação pra fotografia, aliás, que dá fotografia legal. A observação dá. A gente observa onça aqui várias vezes, mas pra fotografia de comportamento do bicho, quando a onça tem. Oportunidade de matar qualquer presa, ou nem só matar, mas pelo menos capturar a presa ou interagir com a presa de alguma forma, em uma área onde te permita fotografar, né, ambos os animais em interação, isso aí é uma loucura, tipo, o que todo fotógrafo de vida selvagem do planeta procura”, conclui.
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