Quando foi a última vez que você visitou o ginecologista? Consultas de avaliação preventiva são a principal forma de cuidar da saúde íntima. O câncer ginecológico, muitas vezes silencioso, pode afetar um ou mais órgãos do sistema reprodutor feminino, incluindo o endométrio, vagina, vulva, ovário e o colo do útero, sendo estes dois últimos os mais comuns. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), esses tumores estão entre os dez mais frequentes em mulheres no Brasil. O câncer de colo de útero, com 17 mil casos anuais, ocupa o terceiro lugar. Na sétima posição o câncer de corpo uterino ou endométrio, e na oitava posição, o de ovário, que em 75% dos casos é diagnosticado em estágio avançado.
O câncer de ovário habitualmente não apresenta sintomas no início da doença, a atenção deve ser redobrada. Avaliação médica preventiva eventualmente complementada com exames e rastreamento genético são os principais aliados. Atualmente, 20% dos casos de câncer de ovário são hereditários. A existência de uma mutação genética que leva a sigla BRCA (Breast Cancer) de tipo 1 ou 2 aumenta as chances de uma pessoa desenvolver câncer de mama e ovário. “Levar o histórico familiar ao consultório é fundamental para o estudo de uma estratégia de prevenção e redução de risco. Desta forma, será analisado junto à paciente quais medidas devem ser tomadas tanto para tratamento da doença, como para prevenção e redução de risco de novos tumores”, explica o oncologista clínico da Oncomed-MT, Eduardo Dicke (CRM 4225-MT / RQE 1800).
Além da hereditariedade, outros fatores de risco devem ser observados, entre eles a obesidade e o tabagismo. Para as mulheres que fazem terapia de reposição hormonal na fase da menopausa, os cuidados precisam ser redobrados, visto que ela está associada ao risco de desenvolver câncer de ovário e de endométrio pela exposição hormonal prolongada. O Papilomavírus Humano (HPV) também é apontado como uma das grandes causas para o surgimento de tumores no colo do útero, estando relacionado a 90% dos casos diagnosticados.
“A detecção tardia do câncer de colo uterino segue sendo um desafio. Hoje em dia, nós temos uma estratégia muito eficaz de prevenção que é a vacina contra o HPV, que também previne outros tumores, entre eles os que acometem a vulva e a vagina. Disponível na rede pública de saúde, a faixa etária recomendada para a vacinação são crianças de 9 a 14 anos e para adultos imunossuprimidos, que são os pacientes pós transplante, os que fazem tratamento imunossupressor e quimioterapia.”
Sintomas – O cuidado íntimo feminino envolve prestar atenção aos sinais que o corpo apresenta. Sangramento vaginal constante, fora do período menstrual, ou durante a menopausa, incomodo ou sangramento na relação sexual, dor pélvica permanente, inchaço da barriga e corrimento com cheiro desagradável podem ser indicativos da doença.
Exames Ginecológicos – Conhecido como Preventivo ou Papanicolau, é o principal método de rastreamento para o câncer do colo do útero. Consiste na coleta do tecido uterino e análise adequada para identificar possíveis patologias. É indicado para as mulheres de 25 a 64 anos, uma vez a cada três anos, após dois exames anuais consecutivos normais, de acordo com o INCA. “A consulta médica ginecológica anual, segue sendo a principal recomendação. Muitos ginecologistas fazem o ultrassom de abdômen e o transvaginal como complementação da consulta, que pode eventualmente levar a um diagnóstico mais precoce”, reforça.
Detecção precoce – Segundo o oncologista, a conscientização sobre o câncer ginecológico e o alerta para a população feminina se mostram fundamentais visto que, historicamente, quando a doença é detectada em fases tardias, traz modestas taxas de controle em longo prazo. “Importante frisar, no entanto, que a medicina tem registrado fortes avanços nos últimos anos em toda a abordagem de tratamento multidisciplinar. E, felizmente, a detecção rápida pode aumentar as taxas de cura em até 95% dos casos.
Diretor técnico responsável: Marcelo Benedito Mansur Bumlai CRM-MT 2663