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Um mês após morte de acreana queimada pelo ex no MT, mãe concilia dor da perda e luta por justiça: ‘tem sido difícil’

“Tenho brigado muito por justiça, tenho perturbado mesmo o delegado.”

Este é o relato de uma mãe enlutada, que concilia, há um mês, a dor da perda da filha mais nova e a luta por justiça. Isto porque na última sexta-feira (25), a morte de Juliana Valdivino da Silva, de 18 anos, completou trinta dias.

Ela morreu no Hospital Municipal de Cuiabá, onde passou 16 dias internada, após ser atacada pelo ex-namorado, Djavanderson Oliveira de Araújo, de 20 anos, na casa dele no município de Paranatinga, no interior do estado. Juliana queria terminar o relacionamento e disse à mãe, Rosicléia Magalhães, que iria pedir uma medida protetiva porque estava com medo dele.

No dia 9 de setembro, Djavanderson criou uma narrativa para atrair a jovem até sua casa. Juliana não sabia, mas ele comprou 12 litros de álcool em um posto de combustíveis e esperou que ela chegasse ao local. Na residência, ele jogou o líquido sobre a garota e ateou fogo. Ele também acabou se ferindo, e foi internado no mesmo hospital, onde segue acompanhado por policiais.

“Tem sido difícil, porque eu já tive duas perdas, do meu pai e do meu irmão. Hoje, a minha filha faz um mês que faleceu, e ontem [quinta, 24], meu irmão fez dez meses que faleceu. Então, uma coisa vai levando a outra, e o sofrimento é grande. Como minha filha [mais velha] mora fora da cidade, então a gente fica tendo aquele contato o tempo todo, porque ela também tem sofrido muito, tem crise de ansiedade”, relata Rosicléia.

 

Djavanderson e Juliana tiveram relacionamento por cerca de 3 anos — Foto: Arquivo pessoal

A mãe conta que tem tentado acompanhar o andamento do caso na Justiça, mas o processo foi colocado em sigilo e ela não teve mais acesso à movimentação. Ainda segundo Rosicléia, o rapaz segue internado, e, mesmo acompanhado por policiais, faz uso de aparelhos eletrônicos e até enviou uma solicitação de amizade para um parente de Juliana.

A reportagem tentou contato com a Polícia Civil do Mato Grosso, e não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

“Ele continuou no hospital, acompanhado da polícia penal. Eu tive informação essa semana, porque eu conheci um pessoal lá. O que me deixou indignada é ele ter acesso a telefone, porque me falaram que ele tava com um tablet na mão, e como prova disso, ele usa o perfil da foto dele como casal com a minha filha, e mandou solicitação de amizade pra uma pessoa da nossa família. E eu fiquei indignada com isso, liguei pro delegado, falei com ele, disse, ‘não, eu vou averiguar’. Até hoje ele não me deu resposta, e ele [Djavanderson] continua com o tablet. Porque se ele tava preso, não era pra estar [com o aparelho]. E eu fiquei muito chateada, eu até passei mal também, pela questão de ele querer entrar em contato com a família”, conta.

 

Juliana teve 90% do corpo queimado pelo ex-namorado que não aceitava fim do relacionamento — Foto: Arquivo pessoal

Desejo de justiça

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Rosicléia diz que continua indo ao cemitério onde Juliana foi sepultada, e que pretende ir no dia de finados, como forma de homenagem à filha.

Agora, enquanto espera pela devida punição para o caso, ela diz que não quer que o caso seja esquecido. O objetivo da mãe é que casos de feminicídio no país sejam discutidos e, assim, combatidos. Além disso, ela fala que, mesmo que o caso corra na Justiça do Mato Grosso, pretende viajar para acompanhar um possível julgamento pessoalmente.

“É uma coisa muito grave. É um dos crimes que tem acontecido no Brasil muito grave. E eu não quero que aconteça com outras pessoas, por mais que aconteça, a gente trabalha pra que não aconteça, a gente luta. E eu quero que esse caso da Juliana seja divulgado sempre que puder, pra que não seja esquecido. Eu quero estar lá no dia do julgamento, presente, se Deus quiser”, finaliza.

mtmais

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