Um dos advogados representou 205 clientes, dos quais 168 eram ligados a uma facção criminosa envolvida em tráfico de drogas, roubos e homicídios.
A Justiça de Mato Grosso manteve a prisão preventiva de três dos quatro advogados suspeitos de repassar dados a chefes de organizações criminosas, além do policial militar envolvido no crime. O grupo passou por audiência de custódia nessa terça-feira (12), em Cuiabá.
Os advogados Hingritty Borges Mingotti e Tallis de Lara Evangelista tiveram as prisões mantidas por determinação do juiz plantonista Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7º Vara Criminal da Comarca de Cuiabá.
Já o advogado Roberto Luís de Oliveira, apontado na investigação como suposto chefe do esquema, e o policial militar Leonardo Qualio tiveram a prisão preventiva mantida pela 5ª Vara da Comarca de Sinop, a 503 km de Cuiabá.
A advogada Jéssica Daiane Maróstica teve a prisão preventiva convertida em domiciliar, acompanhada de medidas cautelares.
A defesa de Roberto Luís de Oliveira foi procurada pela reportagem, mas ainda não se manifestou. A reportagem tenta contato com as demais defesas.
Em nota, a Ordem dos Advogados(OAB) informou que acompanhou as buscas e prisões para assegurar que não haveria violação de prerrogativas, mas sem acesso ao mérito dos processos.
A Polícia Militar também se manifestou por nota e disse que já foi instaurado procedimento administrativo para apuração de possíveis infrações disciplinares cometidas pelo agente paralelamente à apuração criminal
Entenda o caso
Os cinco investigados foram presos preventivamente em razão da Operação Gravatas deflagrada pela Polícia Civil na terça-feira (12) e que tem como objetivo combater o crime organizado e desarticular a comunicação entre advogados e líderes de organização criminosa.
Ao todo, foram compridos 16 mandados de prisão e busca e apreensão contra os quatro advogados e o policial militar, suspeitos de repassar dados a chefes de organizações criminosas. Três presidiários que integravam o grupo criminoso também foram alvos da Operação Gravatas, realizada em Sinop e Cuiabá.
As equipes também fez o levantamento do número de pessoas que a banca de advogados defendeu nos últimos dois anos, sendo que um dos advogados representou 205 clientes, dos quais 168 eram ligados a uma facção criminosa envolvida em tráfico de drogas, roubos e homicídios.