O clima continua sendo um dos fatores que castigam as lavouras de soja em Mato Grosso. Após a seca no plantio, a preocupação agora é com as chuvas. Nos municípios de Vera e Feliz Natal, ao médio-norte do estado, os produtores iniciaram a colheita das variedades mais precoces com perdas significativas e com um prejuízo estimado de mais de mais de R$ 500 milhões. Algumas propriedades já estimam perdas de 90% em alguns talhões.
Os efeitos do clima nas lavouras de soja marcam o episódio desta semana do Patrulheiro Agro.
O agricultor Felipe Marochi conta que só nesta semana, foi registrado no talhão 350 milímetros e que isso, faz atrasar a colheita e dar perda na oleaginosa. Comparado com o ano passado, ele diz que as perdas chegam a mais de 40% do total.
“PERDEMOS BASTANTE SOJA AVARIADO, ESTAMOS COLHENDO SOJA COM 28, 30 DE UMIDADE. ESSA SOJA IRIA SER UMA SOJA QUE SALVARIA A GENTE. UMA SOJA DE PIVÔ ERA UMA PRODUÇÃO PARA UNS 80 SACAS, MAS ACHO QUE NÃO CHEGA A 60. DAQUI PARA FRENTE VAI VIR UMA SOJA QUE SOFREU COM A SECA, VAI TER TALHÃO MEU QUE NÃO SEI NEM SE VAI COMPENSAR COLHER”, AFIRMA.
De acordo com o agricultor Ivan Zilli, o clima adverso adiantou em 25 dias a colheita das primeiras áreas dos 1,1 mil hectares de soja cultivados nesta safra, na sua propriedade. A estimativa é uma perda de até 90% em alguns talhões.
“O QUE ESTAVA UM POUQUINHO VERDE FICOU SEM COLHER, AÍ O TEMPO DESABOU CHOVER, ESTÁ UNS 15 DIAS DE CHUVAS, SÓ CHOVE… E ESTÁ SOJA AQUI JÁ ESTÁ PODRE”, AFIRMA.
Em outra propriedade, o planejamento inicial era plantar 1.450 hectares de soja nesta safra, por causa da estiagem, o agricultor Thiago Dalmolin optou em reduzir em quase 30% da área para evitar risco de perdas. Mesmo assim, a lavoura germinada foi duramente castigada pela seca e quase 100 hectares foram abandonados e deram lugar ao algodão da segunda safra.
“NA NOSSA ÁREA A GENTE PERDEU MAIS DE 35% DA LAVOURA, E FORA ISSO TEM MAIS O RESTO DA LAVOURA QUE NÃO VAI TER MAIS AQUELA PRODUÇÃO BOA”, DIZ DALMOLIN.
Segundo o Sindicato Rural, que representa Vera e Feliz Natal, os municípios juntos cultivaram nesta safra aproximadamente 430 mil hectares de soja, as perdas nas primeiras áreas podem chegar aos 40%.
Os dois municípios entraram com pedido de estado de emergência.
““AS PRIMEIRAS ÁREAS COLHIDAS, COM EXCEÇÃO DOS PIVÔS, QUE TAMBÉM TIVERAM QUEBRA DE PRODUÇÃO, FORAM BEM FRUSTRANTES ENTRE OITO E 15 SACAS POR HECTARE. ISSO REPRESENTARIA ENTRE R$ 600 MILHÕES A R$ 700 MILHÕES DE PERDAS. ACREDITO QUE VAI TER ATÉ QUEBRA DE CONTRATO, NÃO VÃO CONSEGUIR ENTREGAR A PRODUÇÃO”, PONTUA O PRESIDENTE DO SINDICATO RURAL DE VERA E FELIZ NATAL, RAFAEL BILIBIO.
O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Beber, comenta que sempre se fala em parceria e essa é a hora de mostrar isso de verdade.
“AGORA É A HORA DA EMPRESA MOSTRAR ESSA PARCERIA MAS É CLARO QUE A GENTE FALA QUE O PRODUTOR TEM QUE SER CAUTELOSO, AGIR DE FORMA IDÔNEA, E COMUNICAR ESSA EMPRESA DE FORMA ANTECIPADA, CONTRATAR UM AGRÔNOMO DE CONFIANÇA, PARA FAZER LAUDOS TÉCNICOS DA LAVOURA E SEMPRE BUSCAR UMA ASSESSORIA JURÍDICA DE QUALIDADE PARA EVITAR PREJUÍZOS MAIORES”, FRISA BEBER.
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