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Dois servidores da Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema) foram afastados nesta quinta-feira (31) após investigações da Operação Loki, que tem o objetivo de desarticular um novo esquema de fraudes em cadastros ambientais no estado.
Segundo o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), o esquema contava com a participação de servidores públicos que, se aproveitavam da função que exerciam no órgão ambiental, para facilitar a aprovação de vistorias em troca de propina.
Em nota, a Sema informou que os dois servidores foram afastados e que colabora integralmente com a operação.
A reportagem entrou em contato com a defesa dos servidores, que alegou não terem sido notificados até o momento. A defesa afirmou que, assim que receberem notificação formal irão recorrer e alegam que “ficará provada a improcedência da denúncia e que são inocentes dos crimes que são acusados”.
A juíza Ana Cristina Mendes, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, ainda expediu mandados para o sequestro de três imóveis rurais e quatro veículos dos investigados.
De acordo com a delegada responsável pelo caso, Alessandra Saturnino Cozzolino, o esquema consistia em aprovar os Cadastros Ambientais com informações falsas e alterar os nomes dos biomas para que imóveis localizados em áreas de floresta amazônica pudessem aumentar a área de desmatamentos em até 65%.
Ao todo, foram realizados desmatamentos ilegais em 20 mil hectares.
Mais de 60 pessoas suspeitas de envolvimento na fraude foram denunciadas. Além disso, já foram levantados prejuízos no valor de R$ 495 milhões e um sequestro de R$ 500 milhões, afirmou a unidade ambiental do Gaeco.
A Operação Loki busca responsabilizar os dois servidores da Secretaria e outras pessoas envolvidas no crime de lavagem de dinheiro que resultaram nos outros crimes cometidos. Desde o início das investigações, em 2018, mais de 10 servidores já foram investigados.
Na última denúncia feita ao Ministério Público de Mato Grosso, que trata do crime de lavagem de dinheiro, consta que a movimentação de valores acima do rendimento reforçaria a suspeita de que havia ganhos paralelos de procedência duvidosa, disse a juíza.
A delegada contou que em 2019 um dos servidores envolvidos recebia remuneração mensal líquida de R$11.620,82, e movimentou em sua conta, entre créditos e débitos, o valor de R$ 12,3 milhões. Dentre esse valor, foi apurado na investigação, que pelo menos R$ 798.521,36 foram depósitos em espécie.
Segundo o Gaeco, em momento anterior à Operação Loki, foram apreendidos na casa de um dos denunciados R$ 86 mil em espécie, que foram considerados de origem ilícita. Já em outros mandados cumpridos anteriormente foram apreendidos veículos, documentos, computadores e processos.
Conforme o MP, as investigações apontam que os servidores, juntamente com outros suspeitos, realizavam manobras para ocultar a utilização de bens, direitos e valores vindos de propinas que eram recebidas para que aprovassem vistorias e emitissem laudos fraudulentos no órgão ambiental.
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