Em menos de dez anos, o Distrito Federal será a unidade federativa mais vulnerável à insegurança alimentar devido à seca agravada pelas mudanças climáticas. Os dados são da plataforma AdaptaBrasil, do Governo Federal. Embora essa vulnerabilidade esteja relacionada a vários fatores, as dificuldades de produção tendem a ser um problema para o DF já num futuro próximo.
A plataforma mostra que o DF ocupa a primeira posição entre os estados brasileiros que dependem de irrigação em larga escala para produção de alimentos, seguido – de longe – pelo Espírito Santo, e a segunda pior posição quando se trata dos fatores que levam as famílias a terem comida insuficiente e nutrição inadequada. No entanto, o planejamento e gestão da segurança alimentar e nutricional do DF são considerados baixos pelos dados do AdaptaBrasil.
Porém, sem esforços para conter o aquecimento global, até nos cenários mais otimistas haverá impacto nas principais culturas agrícolas, diz o agrônomo Giampaolo Pellegrino, pesquisador de mudanças climáticas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Culturas como soja, milho, feijão e arroz, cultivados em diversos estados, devem ser afetados com safras menores. “No cenário nacional, só cana e mandioca teriam algum benefício, porque suportam o aumento da temperatura.”
Ainda assim, há riscos. No Nordeste, onde a mandioca é a base da alimentação, a área produtiva deve encolher. “Ali já estaria no limite (da temperatura)”, diz o agrônomo, alertando que a região poderá enfrentar um problema de segurança alimentar. Para o coordenador do AdaptaBrasil, Jean Ometto, a preparação para este cenário deve incluir “instituições, pessoas e organizações”.
Os impactos dessas mudanças na saúde são diretos e indiretos, avalia a nutricionista Taís Alpino. Para a pesquisadora da Fiocruz, a menor oferta de alimentos pressionaria os preços para o consumidor, o que dificultaria o acesso de pessoas mais pobres. “Ter pouco acesso a alimentos in natura aumenta o consumo de ultraprocessados. Faz com que a população se alimente de uma forma não saudável e tenha outros problemas de saúde”, afirma. Nesse cenário, os pequenos produtores tendem a ser os mais afetados. E são estes que abastecem a mesa dos brasileiros.
Osvaldo dos Santos é agricultor do Quilombo Porto Velho, no Vale do Ribeira (SP), onde planta diversos alimentos e relata as dificuldades que os produtores já enfrentam para antecipar o comportamento do clima. “Antigamente, tínhamos uma perspectiva (…) Já são dois anos de chuva intensa, está descontrolado.”
Para ele, o arroz e o feijão do dia-a-dia dos brasileiros estão mais sujeitos aos eventos extremos. A saída encontrada pelos produtores quilombolas é usar conhecimentos ancestrais de sua comunidade, como a antecipação de plantio e o uso de sementes de curto prazo. O agrônomo Pellegrino, da Embrapa, diz que desenvolver novas formas de cultivo leva, no mínimo, dez anos. “Temos que começar a olhar para esse futuro.”
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