Sob impacto de problemas climáticos, a safra brasileira deve cair 6% em 2024, na comparação com 2023, aponta estimativa mensal divulgada nesta quinta-feira (12) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Conforme o órgão de pesquisas, o país deve produzir neste ano 296,4 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas.
Em termos absolutos, isso significa redução de 19 milhões de toneladas frente ao ano passado (315,4 milhões de toneladas).
A nova estimativa é referente a agosto.
A projeção para 2024 caiu 0,6% (menos 1,7 milhão de toneladas) na comparação com o que era previsto em julho para este ano (298 milhões de toneladas).
“A safra 2024 apresentou uma série de dificuldades desde a sua implantação. Houve falta de chuvas para a produção de soja e milho, e depois excesso de chuvas, culminando com as enchentes do Rio Grande do Sul”, disse Carlos Alfredo Guedes, gerente de agricultura do IBGE.
“Tudo isso afetou a safra desse ano. É uma safra 6% menor do que a do ano passado, o que representa 19 milhões de toneladas a menos”, acrescentou.
Os dados integram o LSPA (Levantamento Sistemático da Produção Agrícola). Conforme Carlos Barradas, gerente do estudo, a safra 2024 reflete uma combinação de preços baixos de commodities agrícolas e alterações climáticas, com secas em alguns estados e excesso de chuva em outros.
As mudanças do clima têm surpreendido até as previsões de órgãos competentes, o que traz preocupações adicionais para os produtores, aponta o IBGE.
“Para fechar a safra 2024 falta, praticamente, colher a safra de inverno: trigo, aveia e cevada. nEste mês estamos iniciando o plantio da safra de verão e está faltando chuva, que tem de chegar até meados de outubro para o produtor poder plantar e ter uma boa janela de produção. Nosso primeiro prognóstico para 2025 será em novembro”, disse o gerente do LSPA.
Para a soja, principal cultura brasileira, o IBGE projeta produção de 145,3 milhões de toneladas neste ano, uma baixa de 4,4% ante 2023.
Para o milho (116,6 milhões de toneladas), a queda prevista é de 11%.
Após as enchentes de proporções históricas no Rio Grande do Sul, o Brasil registra uma série de queimadas em diferentes regiões. O fogo ocorre em meio a um período de forte estiagem.
Além da safra, a inflação dos alimentos também é ameaçada pelo quadro.
De acordo com analistas, os problemas podem aumentar, em um primeiro momento, os preços de mercadorias como açúcar, laranja e café, que já registraram dificuldades de produção.