Um relatório feito por uma empresa de consultoria especializada apontou rachaduras e quedas de rochas recentes na MT-251, região do Portão do Inferno, em Chapada dos Guimarães, a 65 km da capital. A vistoria foi feita entre os km 42 e 48 da rodovia, no dia 12 de outubro, mas só foi divulgada no dia 11 deste mês. Veja o acesso ao documento completo dos locais considerados críticos.
De acordo com um ofício feito pela Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT), foi constatado risco de deslizamento desde 2021.
A administração do parque é feita pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a gestão pelo governo de Mato Grosso. O documento cita que a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros também estiveram no local durante a primeira visita.
A Sinfra-MT informou, por meio de nota, que aguarda autorização para fazer obras na MT-251, no trecho que corta o Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, já que qualquer intervenção no local depende de autorização do Instituto. A partir disso, o órgão afirmou que vai iniciar os estudos e projetos necessários.
Já o ICMBio explicou que recebeu um ofício da Sinfra-MT, no dia 9 deste mês, e que o relatório está em análise. Segundo o órgão, a responsabilidade pela construção e manutenção das rodovias estaduais é de competência da secretaria, cabendo ao ICMBio a gestão do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães e a manifestação sobre os impactos ambientais da rodovia à unidade de conservação.
A análise dos impactos é feita pelo instituto, após o envio e manifestação do órgão ambiental. Cabe à Sinfra, consultar a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) e, ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), sobre os procedimentos necessários para adotar em relação às obras.
O relatório feito neste ano identificou 10 locais com riscos de acidente geotécnico (veja acima). Três pontos são considerados de criticidade elevada. O documento cita que as rochas apresentam folhelhos alternados com arenitos e que o sistema é muito drenante, fazendo com que a água se infiltre.
“Os problemas de estabilidade estão relacionados com a compartimentação dos blocos de arenitos. Durante chuvas torrenciais, a pressão de água favorece movimentos de tombamento desses blocos. Os blocos mais altos se tornam mais propensos a movimentos de rolamento. Esses arenitos caem em blocos individualizados e por fraturas”, diz o estudo.
O estudo mostra que os pontos 7, 8 e 9 são os mais críticos. Veja abaixo a tabela da análise das regiões de instabilidade:
Localização com risco de acidente geotécnico mais críticos
Trecho | Risco |
Ponto 7 – Km 45 | Encosta com blocos proeminentes muito próximo da pista |
Ponto 8 – Km 45 | Encosta com taludes negativos à jusante da rodovia |
Ponto 9 – Km 47 | Bloco residual muito próximo da pista. Apresenta blocos instáveis e uma descontinuidade que sugere movimento de grande massa. Local com risco de queda direta |
Nos outros sete locais, o estudo apontou que o rolamento das rochas pode atingir a pista, blocos mais próximos que precisam ser removidos e rochas instáveis.
O professor de geologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Caiubi Kuhn, disse que a possibilidade de deslizamento aumenta durante o período de chuvas e que é preciso tomar cuidado.
“Provavelmente depois de uma chuva atípica de 200 mm, 150 mm há risco de queda. É preciso o motorista se atentar principalmente na época de chuva intensa porque existe uma possibilidade muito maior desses blocos se soltarem. Locais que possuem a coloração mais próximas do vermelho são locais que os blocos já se desprenderam. Uma queda de bloco recente é o indício de que pode ter quedas maiores”, disse.
De acordo com o professor, é preciso ter uma equipe técnica permanente para monitorar os riscos do local.
“O governo também precisa fazer o acompanhamento dessas áreas para ver indícios de quando isso pode acontecer e afetar a rodovia e a vida da população. Hoje o governo não possui equipes técnicas permanentes para desenvolver o monitoramento de áreas de risco. Na defesa Civil, por exemplo, não tem nenhum geólogo que atue e isso é um risco pra sociedade. Só podemos saber se há o risco de queda eminente se tiver um “, disse monitoramento
Inicialmente, a empresa responsável pelo estudo informou que algumas medidas precisam ser tomadas para as estabilidade das rochas.
Será necessária a remoção de blocos propensos ao movimento e que poderiam ser perigosos; medidas de estabilização da escarpa para impedir os movimentos, como malhas metálicas com chumbadores, grampeamentos com face em concreto projetado, gigantes e vigas atirantadas e medidas de proteção da rodovia para absorver a energia cinética dos blocos em movimento, reduzindo o risco desses materiais atingirem a pista.
Além desse processo, a empresa sugeriu quatro soluções para os deslizamentos na MT-251 e informou quais impactos ambientais cada um apresenta:
Ainda conforme o relatório, o trecho precisa de intervenções o mais rápido possível para que o risco de acidente geotécnico seja minimizado. Dentre as opções, a empresa contratada sugeriu o túnel como melhor opção de resolução do problema.
“Com base na precificação das soluções, a solução com duplicação com manutenção do traçado atual parece ser a mais atraente do ponto de vista econômico. Entretanto, é importante destacar que uma solução com túnel possui atratividade ao usuário, sobretudo se o túnel é curto, o que pode agregar mais uma valência às atrações turísticas da região”, diz a conclusão do relatório.
No entanto, o governo de Mato Grosso encaminhou um ofício ao ICMBio na última quinta-feira (9), pedindo autorização para reestruturar a via com nova Obra de Arte Especial (OAE), sem a implantação de túnel. A secretaria cita que as estratégias de estabilização têm baixa interferência no patrimônio paisagístico, ambiental e paleontológico do local.
“Aguardamos sinalização prévia favorável para o prosseguimento das medidas, com a urgência”, diz trecho do ofício encaminhado ao órgão federal.
Em novembro de 2021, a Sinfra-MT encaminhou um ofício comunicando o deslizamento no Portão do Inferno. Com isso, foi realizada uma vistoria no local para avaliar a situação de risco e apontar as providências que deveriam ser tomadas.
Dois meses depois, a Sinfra-MT, ICMBio, Defesa Civil, gerenciadores ambientais e o Corpo de Bombeiros estiveram no local para fazer uma avaliação. Ficou definido que o ICMBio apontaria pontos com risco de queda para implantação de placas de sinalização de deslizamento.
Com aprovação do Ministério do Meio Ambiente, no mês seguinte, a Sinfra-MT fez a instalação das placas de sinalização nos locais indicados. Foram colocadas placas em 8 pontos da rodovia.
Em março de 2022, a Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat) emitiu um relatório parcial do Portão do Inferno. No documento, a Metamat informa que a região possui condição de alto risco de deslizamentos, classificado com o Grau de Probabilidade R4, considerado grave. Durante esse estudo, foram apontadas rachaduras nas rochas, com registro recente de queda de blocos e deslizamento de detritos.
Com isso, a Sinfra-MT contratou uma empresa para fazer uma nova vistoria e apontar soluções para o início da contenção das rochas. O governo optou pela reestruturação da via com nova Obra de Arte Especial (OAE) sem a implantação de túnel como alternativa mais viável.
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