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quinta-feira, novembro 28, 2024
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‘Quem está atrás de nós?’, diz filha de advogado assassinado ao ser orientada pela polícia a não sair de casa em MT

Livia Moreira Gomes Nery, filha do advogado Renato Nery, assassinado em frente ao escritório dele, em julho deste ano, disse em entrevista exclusiva à TV Centro América que, após a morte do pai, a família vive insegura e recebeu orientação da polícia para ter cuidado ao sair de casa. Nesta quinta-feira (28), uma operação revelou que advogados e empresários são investigados por suspeita de envolvimento na morte do advogado. No entanto, desde o assassinato, ninguém foi preso.

Tenho um filho de 4 anos e, nos primeiros dias, não queria deixar ele ir para escola. Eu não sabia se ele ia voltar para casa vivo, porque não deixavam a gente andar de carro, não deixavam a gente circular. A própria polícia orientou ‘cuidado com vocês’. Que cuidado? Cuidado com o quê? Quem está atrás de nós?
— Livia Moreira Gomes Nery

Livia explicou que o pai nunca recebeu ameaças, no entanto, ele “fez representações na Justiça contra advogados, juízes, desembargadores e pessoas de altos escalão”, e que isso pode estar relacionado à morte. Ela também ressaltou que espera que a justiça seja feita para que a família se sinta segura.

“A gente espera que seja feita a justiça, a gente espera um posicionamento e que a nossa vida, de alguma forma, seja normal”, ressaltou.

 

Advogado Renato Gomes Nery, de 72 anos — Foto: Divulgação
Advogado Renato Gomes Nery, de 72 anos — Foto: Divulgação

Investigação

 

Ao todo, R$ 30 mil em espécie, barras de ouro, celulares e e computadores foram apreendidos nas casas dos investigados . — Foto: Polícia Civil de Mato Grosso
Ao todo, R$ 30 mil em espécie, barras de ouro, celulares e e computadores foram apreendidos nas casas dos investigados . — Foto: Polícia Civil de Mato Grosso

As investigações apontam que a morte de Nery foi motivada por disputa de terra. As buscas feitas durante a Operação Office Crime, nesta quinta (28), têm como objetivo obter provas para investigar a possível participação dos suspeitos no crime de homicídio qualificado e na atuação em organização criminosa contra o advogado.

Os advogados e empresários investigados na operação foram denunciados pelo advogado Renato Gomes Nery cerca de 10 dias antes do assassinato do dele.

“Coincidentemente os escritórios e os alvos estão na denúncia do Renato. Os alvos de hoje são alvos que o Renato denunciou, mas a investigação não partiu só da denúncia dele. Houve uma investigação mais complexa e resultou nos alvos de hoje. A gente não pode comentar muitos detalhes para não prejudicar a investigação, mas os alvos foram denunciados”, disse o delegado Bruno Abreu Magalhães.

 

Veja quem são os investigados:

  • Antonio João de Carvalho Junior (advogado)
  • Agnaldo Bezerra Bonfim (advogado)
  • Gaylussac Dantas de Araujo (advogado)
  • Cesar Jorge Sechi (empresário)
  • Julinere Goulart Bastos (empresária)

A reportagem entrou em contato nos telefones disponibilizados pelos advogados, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. A reportagem tenta localizar a defesa dos empresários citados.

A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) informou que “todas as representações disciplinares apresentadas pelo advogado Renato Nery, assim como aquelas protocoladas contra o mesmo, correm seu curso normal, tramitando no Tribunal de Ética e Disciplina (TED) da OAB-MT, respeitando o sigilo e o rito tal qual estabelece a legislação vigente”.

O assassinato

Advogado é baleado em frente a escritório de Cuiabá

Renato foi baleado quando chegava no escritório dele, no dia 5 de julho deste ano. Segundo a Polícia Civil, o atirador já estava esperando pelo advogado e, após atirar, fugiu do local em uma moto. Uma câmera de segurança registrou o momento em que Renato caminha até a porta do escritório, é atingido pelos disparos e cai no chão. 

O delegado disse que a perícia colheu informações no escritório da vítima e analisou imagens para tentar identificar o atirador. O celular de Renato também foi apreendido.

O advogado morreu um dia após ser baleado. O corpo dele foi sepultado em Cuiabá, na manhã do dia 7 de julho.

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