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segunda-feira, novembro 18, 2024
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Proprietários e gerente de ótica são indiciados por exercício ilegal de medicina, fraude de crédito e venda casada em Cuiabá | Mato Grosso

Um casal de proprietários e a gerente de uma ótica, no centro de Cuiabá, foram indiciados suspeitos de exercício ilegal de medicina, fraude na contratação de cartões de créditos e venda casada. Segundo a Polícia Civil, o proprietário da loja, que é técnico em optometria, realizava consultas oftalmológicas.

Conforme as investigações, os gestores da ótica orientavam os funcionários a fraudar o cadastro de empresas de cartão de crédito para contratar cartões e serviços em nome dos clientes, mas sem o conhecimento deles.

Ainda de acordo com a polícia, o casal constituiu um instituto de visão com o argumento de oferecer consultas gratuitas para pessoas de baixa renda, mas os atendimentos eram realizados por profissionais sem formação adequada e com o objetivo de promover a venda casada de consultas com armações e lentes da própria ótica do casal.

Os suspeitos foram indiciados por falsidade ideológica, venda casada e crime contra as relações de consumo. Os proprietários da ótica também responderão pelo crime de exercício ilegal da medicina, com penas que, somadas, podem chegar a 17 anos de prisão e multa, informou a polícia.

Vítimas

 

A primeira vítima ouvida pela Polícia Civil foi um senhor de 82 anos de idade, encaminhado por uma funcionária para consulta com o proprietário da ótica, que receitou o uso de lente de grau para o idoso.

Depois de passar pela consulta, que era gratuita desde que o paciente adquirisse as lentes de grau na própria ótica, a vítima escolheu a armação e quis efetuar o pagamento dos óculos, no valor de R$ 1,5 mil em dinheiro, mas a funcionária não aceitou e disse que o pagamento só poderia ser realizado em, no mínimo, duas parcelas e após a confecção dos óculos.

Alguns dias após a compra, o idoso recebeu em casa um cartão de crédito que não havia pedido e, quando retornou à ótica, descobriu que havia contratado um cartão de crédito com serviços pagos de mensagens, alerta e outros. Além disso, a primeira fatura do cartão já havia vencido e a multa e os juros haviam quase dobrado o seu valor.

Uma sobrinha auxiliou o idosos, que se recusou a retirar os óculos e procurou um médico oftalmologista. O especialista constatou que o idoso sofria de cataratas e não precisava de óculos de grau, mas sim de tratamento cirúrgico.

Na investigação, foi descoberto que a gerente da ótica, orientada pelos proprietários, cadastrou o número de telefone dela no contrato do cartão de crédito, fotografou o idoso e realizou a contratação do cartão e dos serviços pagos a partir do aparelho celular e sem o conhecimento e o consentimento do consumidor.

Segunda vítima

Outra vítima, uma mulher de 58 anos, foi abordada por um vendedor quando caminhava na rua e em frente à ótica, tendo sido levada para realizar consulta oftalmológica com a proprietária da ótica, que não possuía nenhuma formação na área, tendo adquirido armação e as lentes de grau na ótica do casal.

Assim como o idoso, a mulher disse que foi contratado no nome dela um cartão de crédito e serviços no valor de R$ 34,90 por mês e mensagens, alerta no valor mensal de R$ 4,99, sem o seu conhecimento dela.

Consultas em bairros carentes

 

Os suspeitos enganavam presidentes e representantes de bairros de Cuiabá para organizar ações sociais para pessoas de baixa renda e oferecer consultas de visão gratuitas, nas quais eles aproveitavam para vender lentes de grau alegando que a consulta e a armação eram grátis para os pacientes que comprassem na ótica dos investigados.

Conforme investigação, um homem, de 37 anos, passou por consulta com o optometrista proprietário da ótica, e teve o diagnostico de “grau avançado de miopia” de 1,50 grau no olho esquerdo e 1,0 grau no olho direito, com risco de “piorar” se não passasse a usar óculos.

A vítima pagou o valor de R$1,1 mil em um óculos na ótica dos investigados. Após começar a usar os óculos, a vítima começou a sentir dores de cabeça e procurou um médico oftalmologista, que constatou que o paciente possui a visão perfeita, sem a necessidade de usar óculos de grau. O médico também afirmou que as dores de cabeça estavam sendo causadas pelo uso desnecessário de óculos de grau, ainda conforme apurado pela polícia.

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