Pontes de dossel em vias urbanas vão auxiliar passagem de animais em Alta Floresta

Entre os dias 14 a 18 de outubro serão instaladas 7 pontes de dossel em vias urbanas para permitir travessias seguras a 6 espécies de primatas que circulam na cidade, entre eles o zogue-zogue-de-alta-floresta, espécie recentemente descoberta e um dos macacos mais ameaçados do mundo.

Alta Floresta será o primeiro município da Amazônia brasileira a ter um Plano Urbano de Mitigação para redução de atropelamentos de animais silvestres e incremento de conectividade nos viários que cortam fragmentos florestais da cidade.

Paralelamente, acontecem várias atividades concentradas no Teatro Municipal Agostinho Bizinoto e na Praça do Avião, tais como Circuito de Educação Ambiental, Exposição de Fotografias de Primatas – “Entre Galhos e Olhares” e entregas de folders educativos conduzidas por alunos da UNEMAT e a equipe de Educação Ambiental da Fundação Ecológica Cristalino (FEC). A equipe do Projeto Reconecta estará montando as pontes de dossel na praça, para que toda a comunidade possa acompanhar o trabalho.

Uma das novidades do Programa será a instalação de um outdoor em frente à Praça da Capivara, na Avenida do Aeroporto que mostrará a contagem mensal de travessias seguras promovidas pelas pontes de dossel. Todos os meses os números de vidas salvas serão atualizados e a população de Alta Floresta poderá acompanhar os resultados do Programa.

O Programa Alta Floresta não Atropela surgiu no ano passado, quando a bióloga Fernanda Abra, líder do Projeto Reconecta e pesquisadora pós-doutoral vinculada ao Smithsonian nos Estados Unidos, esteve na cidade e com todos os parceiros do programa identificou 12 pontos críticos onde ocorrem atropelamentos de animais silvestres ou que existe falta de conectividade entre áreas florestadas. Entre os dias 22 a 26 de julho deste ano, a bióloga apresentou o planejamento para várias instituições públicas municipais, estaduais e federais do município.

Fernanda Abra explica que as ações do Programa Alta Floresta não Atropela consistem em integrar os fragmentos florestais para que os animais não fiquem isolados. Essa medida é essencial para combater o impacto de fragmentação, um dos piores para as espécies arborícolas do Brasil. Além disso, promover a travessia segura da fauna pela cidade também é importante para promover um tráfego mais seguro para todos e reduzir acidentes.

“O Projeto Reconecta visa reduzir impactos de estradas e rodovias sobre animais arborícolas. Atualmente trabalhamos na Rodovia BR-174 nos Estados do Amazonas e Roraima onde temos 32 pontes de dossel, é a rodovia no Brasil com o maior número de medidas de mitigação para animais arborícolas! Começar o Reconecta em Alta Floresta nos dá um novo horizonte, de reconectar ambientais naturais cortados por viários ambientes urbanos. Esperamos que Alta Floresta seja o início da expansão deste Projeto em muitos outros municípios da Amazônia”, explicou.

Nas pontes serão instaladas câmeras traps para monitoramento das espécies que utilizarão as estruturas. O monitoramento será liderado pelo Projeto Reconecta contando com apoio de estudantes e acadêmicos locais, como da UNEMAT e UFMT. Um dos parceiros do Projeto é o primatólogo e professor Dr. Gustavo Canale, que é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia.

Parte dos recursos estão sendo doados pelo projeto Reconecta, da bióloga Fernanda Abra, vencedora da edição 2024 do Prêmio Whitley, da organização britânica Whitley Fund for Nature (WFN) e considerado o Oscar da Conservação da Natureza.

Ainda serão implantadas placas de sinalização de travessia de fauna com a silhueta de animais da região de Alta Floresta, redutores de velocidade, passagens inferiores para travessia de fauna terrestres e cercamentos em pontos específicos.

A secretária municipal de Meio Ambiente, Gercilene Meira ressalta que “a iniciativa nasce no coração de várias instituições públicas e privadas e organizações da sociedade civil. As passagens além de trazer proteção para nossa fauna e segurança para nossos motoristas contribuirá com o ecoturismo e Desenvolvimento Sustentável de nossa cidade.”

A presidente da Fundação Ecológica Cristalino (FEC), Vitória Da Riva ressalta que “o Programa Alta Floresta não Atropela significa segurança no trânsito e a proteção da fauna silvestre”, comentou.

O Empresário de Ecoturismo e proprietário da RPPN Anacã, Fernão Prado adiantou que garantir a preservação da vida dos animais silvestres é “também uma estratégia econômica para nosso município, com o intuito de fortalecer indiretamente o setor de turismo”.

A Green Yellow Energia, uma das patrocinadoras do programa, aponta que tem foco no compromisso com a sustentabilidade e que é intrínseco ao seu negócio. “Através das nossas ações socioambientais, queremos não apenas ser fornecedores de energia limpa, mas também agentes transformadores, promovendo o desenvolvimento social e ambiental nas regiões onde atuamos.”

O Programa Alta Floresta Não Atropela está sendo desenvolvido pelo Projeto Reconecta, Prefeitura Municipal de Alta Floresta através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Fundação Ecológica Cristalino (FEC), Fazenda Anacã e Green Yellow. São parceiros do Programa: 7ª Companhia Independente Bombeiros Militar – 7ª CIBM – Alta Floresta, Diretoria Regional de Alta Floresta – SEMA/MT, Unidade Técnica do IBAMA e ICMBio de Alta Floresta, Aeroporto de Alta Floresta/COA, UFMT – Campus Sinop, Instituto Ecótono, UNEMAT/AFL e Conselho Municipal de Meio Ambiente – COMDEMA.