A Polícia Civil de Mato Grosso cumpriu, no primeiro semestre deste ano, 2.088 mandados de prisões, fruto de investigações realizadas pela instituição para reprimir e descapitalizar organizações criminosas que atuam no estado. O número representa um aumento de 86,27% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram cumpridas 1.121 prisões, um reflexo do aumento das operações policiais no combate ao crime organizado.
Foram mais de 263 operações deflagradas entre janeiro e junho com foco no combate à atuação de organizações criminosas que agem, principalmente, no tráfico de drogas, delito que sustenta outras ações ilícitas, como a lavagem de dinheiro e ocultação de bens adquiridos de forma ilegal. Além disso, as operações visam ainda a resolução de crimes graves como homicídios, roubos, lavagem de capitais, violência doméstica e exploração sexual infantil.
“Diferente da atuação diária, que se reflete em prisões em flagrantes, as operações são oriundas de meses, e até anos, de investigações sigilosas. E esse planejamento tem um foco bastante específico, que é desarticular os esquemas financeiros e descapitalizar as organizações criminosas que lavam o dinheiro para dar aparência de legalidade. A investigação qualificada tem surtido os resultados que apresentamos à sociedade, reprimindo duramente a atuação das organizações criminosas, dando resposta à população e reforçando o papel do Estado na sociedade mato-grossense”, destacou a delegada-geral.
Outro destaque do semestre foi a Operação La Catedral, da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Primavera do Leste, que desarticulou uma associação criminosa liderada por um preso detido na cadeia pública do município. De dentro da unidade prisional, ele criou um esquema para lavar dinheiro ilegal e pagar propinas, com a participação do diretor da cadeia. Na operação foram cumpridas 132 ordens judiciais de prisões, buscas, bloqueio e sequestro de bens dos investigados. Apenas dos 21 veículos sequestrados, a soma ultrapassa os R$ 3,1 milhões.
Lavagem do tráfico e organização criminosa
As investigações produzidas a partir de levantamentos técnicos resultaram em operações que desarticularam esquemas usados para ocultar o patrimônio ilícito de organizações criminosas, a exemplo das Operações Follow the Money, Gravatas, Reset e Apito Final, incluídas no planejamento estratégico da Operação Erga Omnes.
A operação Apito Final, coordenada pela Gerência de Combate ao Crime Organizado, desarticulou um grupo criminoso liderado por Paulo Witer Paelo, que estava em regime semiaberto e monitorado por tornozeleira eletrônica, operando um esquema de lavagem de dinheiro do tráfico em Cuiabá, com a aquisição de um patrimônio considerável, que incluiu bens móveis e imóveis como veículos de alto padrão, supermercado, apartamentos e até uma arena esportiva. Por diversas vezes, Paelo burlou o sistema de monitoramento e realizou viagens de lazer para cidades do sul, sudeste e nordeste do país. Enquanto viajava, sua tornozeleira emitia sinal de que ele, supostamente, estava em Cuiabá.
Gravatas
Em março, a Delegacia de Tapurah deflagrou a operação com 16 ordens judiciais, que teve entre os alvos quatro advogados, um policial militar e três líderes de uma facção criminosa. A investigação apontou que os líderes criminosos se associaram aos advogados, que representavam o braço jurídico do grupo, para atuação em delitos como o tráfico de drogas, tortura e lavagem de capitais. Além da atividade jurídica legal, os advogados atuaram para embaraçar investigações policiais, repassar informações da atuação policial e auxiliar em crimes graves, como tortura, realizando o levantamento de dados das vítimas.
Ainda, intermediaram a comunicação entre os líderes da organização criminosa, que estão presos, e outros que estavam soltos.
Follow the Money
Resultado de uma investigação subsidiada em levantamentos e análises, inclusive financeira dos envolvidos na lavagem de dinheiro do tráfico de drogas em Sinop, a operação foi deflagrada em 21 de março, coordenada pela Delegacia de Roubos e Furtos do município, com o cumprimento de 136 ordens judiciais. Quarenta investigados foram presos na operação por força de mandados e 12 suspeitos autuados em flagrante por posse de armas, acessórios e munições de uso restrito e tráfico de drogas.
Uma farmácia em Cuiabá estava entre as empresas usadas na lavagem de dinheiro. Os medicamentos apreendidos na operação foram doados à Secretaria de Saúde de Cuiabá e somam R$ 190 mil.
Reset
Na região da fronteira do estado, a Polícia Civil concentrou esforços investigativos na Operação Reset. Com o apoio do Ministério Público Estadual e em parceria com a Polícia Militar, foram cumpridas 64 ordens judiciais de busca e apreensão em 10 cidades da região. A operação teve como alvos, integrantes de facções criminosas envolvidos em crimes como o tráfico de drogas, tortura e homicídios.
Recovery Ultimato
Em abril, a Delegacia de Sorriso deflagrou a Operação Recovery Ultimato com 90 ordens de prisões preventivas cumpridas em 13 cidades de Mato Grosso, Rio de Janeiro, Pará e Distrito Federal. Os alvos são investigados por integrar organização criminosa, tráfico e associação para o tráfico de drogas.
Dois alvos da operação foram remanejados por ordem judicial para o isolamento no regime disciplinar diferenciado na unidade prisional onde estão custodiados. A medida foi deferida pelo juízo da Vara Criminal contra o Crime Organizado da Comarca de Sinop após a Polícia Civil apontar que, mesmo presos em Cuiabá, os líderes criminosos continuavam com acesso a telefones celulares e ordenando a execução de diversos crimes aos comparsas nas ruas.
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