As terras indígenas Capoto Jarina e Parque Indígena Xingu, situadas entre os municípios de São José do Xingu e São Félix do Araguaia, a 931 e 1.159 km de Cuiabá, respectivamente, que registraram um grande incêndio e a formação de um “paredão de fogo”, já sofreram a queima de mais de 110 mil hectares, segundo o mais recente levantamento do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa).
Os dados apontaram que, desde janeiro até agora, a terra Capoto Jarina perdeu 82,1 mil hectares para o fogo, o que equivale a 12,9% do território. Já o Parque Xingu perdeu 1,3% da área total, ou seja, foram 34,3 mil hectares queimados.
Um vídeo registrado pelo brigadista Lucas Kaiabi, às margens do rio Xingu, mostra o momento em que a embarcação dos brigadistas passa próximo ao paredão de fogo e fumaça.
As lideranças indígenas da região afirmaram que os focos, que começaram no dia 17 de agosto, se aproximam de diversas aldeias e colocam em risco a saúde dos moradores locais. Segundo o supervisor federal do Prevfogo, Guto Dauster, ainda existem focos de incêndio a serem combatidos nas terras indígenas e a prioridade, neste momento, é salvar a população que vive no local.
“No momento, a prioridade está sendo salvar as aldeias e as vidas. Ainda existem cinco focos de incêndio, estamos tentando controlar, mas nossa força está direcionada para salvar as aldeias próximas”, enfatizou.
Até o momento, cerca de 41 terras indígenas foram afetadas pelas chamas, segundo a Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt). O estado possui 46 povos e 86 terras indígenas, organizados em sete regionais, vivendo em todos os biomas do estado: Amazônia, Cerrado e Pantanal.
Segundo a Defesa Civil, cerca de 40 brigadistas atuam na região. O fogo já queimou casas, roças dos indígenas e muita floresta, na Amazônia em Mato Grosso.
A Federação também relatou que os incêndios estão devastando plantações essenciais para o sustento dos povos indígenas e forçando mudanças temporárias de moradia.
🔥 De acordo com o monitoramento de queimadas feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o estado lidera o ranking de área queimada no Brasil em 2024. Entre janeiro e agosto deste ano, Mato Grosso concentrou 21% da área atingida pelo fogo no Brasil, com 2,3 milhões de hectares queimados.
Em agosto, o Cerrado foi o bioma com a maior área queimada, com 2,4 milhões de hectares, ou seja, 43% de toda a área queimada no Brasil durante esse período. A Amazônia vem em seguida, com 2 milhões de hectares queimados.
Na quarta-feira (11), a Defensoria Pública da União (DPU) enviou um ofício ao Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo e ao Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional Federal (Ciman Federal), solicitando ações imediatas para combater os incêndios que devastam terras indígenas em Mato Grosso.
Entre as medidas urgentes solicitadas estão o envio de recursos humanos e materiais, incluindo o uso das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança. A DPU também pediu a elaboração de um plano emergencial específico para os povos indígenas, com foco na prevenção e controle das queimadas e no atendimento às comunidades afetadas.
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