Os furtos das cargas foram descobertos depois de uma auditoria da matriz da empresa, que tem sede em Curitiba (PR). Os caminhões entravam vazios e saíam carregados, passando pela embarque e depois pela balança da empresa sem apresentar documentos obrigatórios.
A Polícia Civil cumpriu 10 ordens judiciais contra um grupo de suspeitos investigados de associação criminosa que furtava cargas de soja na região noroeste de Mato Grosso, nesta sexta-feira (1º). A ação faz parte da Operação Sétimo Mandamento, que identificou o envolvimento de nove pessoas no furto de duas cargas de soja, avaliadas em R$ 180 mil.
Segundo a Polícia Civil, foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão nos municípios de Campos de Júlio, Diamantino, Campo Novo do Parecis e Nova Lacerda. Entre as ordens judiciais estava também o afastamento de sigilo de dados.
Os furtos das cargas foram descobertos depois de uma auditoria da matriz da empresa, que tem sede em Curitiba (PR). A investigação descobriu que houve a entrada e saída de dois caminhões nos dias 19 e 21 de maio de 2023 e que os veículos entravam vazios e saíam carregados, passando pela embarque e depois pela balança da empresa sem apresentar a ordem de carregamento e outros documentos obrigatórios.
Como funcionava o esquema criminoso?
O esquema envolvia trabalhadores de duas empresas. A filial em Campos de Júlio fazia uma venda de soja para uma empresa embarcadora que precisa aferir o percentual de qualidade do grão, que é feita por um laboratório terceirizado que presta o serviço no ponto de embarque da empresa vendedora do produto.
Um encarregado e três classificadores do laboratório foram identificados como envolvidos no esquema. O encarregado era o responsável em posicionar os classificadores no ponto de embarque e os classificadores atuavam no aliciamento de funcionários da empresa.
Um dos balanceiros disse que teria sido coagido pelo suspeito, que liderou o esquema para que participasse da ação e receberia R$ 50 mil reais, valor combinado, mas que não foi pago. A proposta era a de que o balanceiro deixasse entrar um caminhão vazio e sair carregado com soja.
À polícia, um segundo balanceiro relatou que foi procurado pelo responsável por aliciar os funcionários, que se aproveitou do fato de sua mãe estar doente e também fez uma proposta de R$ 50 mil para participação na ação criminosa. O investigado foi apontado como uma pessoa temida na região da fronteira, que também atuava com comércio de armas de fogo.
O caminhão usado no furto da carga pertence a uma empresa de transportes, que tem como sócia, a esposa de um dos investigados na Operação Grãos de Areia, deflagrada em 2021 contra uma associação criminosa que furtou e desviou cargas de soja que iam para o terminal ferroviário no sul do estado.
O balanceiro que aceitou participar do esquema recebeu os pagamentos em quatro transferências bancárias no decorrer da investigação, que descobriu as contas de onde saiu o dinheiro e as contas recebedoras.