A maioria dos mais de 82,6 milhões motoristas e motociclistas que circulam no trânsito do Brasil é homem, conforme um levantamento feito pelo g1 com base nos registros do Ministério do Transporte até o ano de 2023. Em Mato Grosso, segundo o Anuário da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp-MT), divulgado na última quarta-feira (8), até o ano passado, eram 1.021.865 homens habilitados no estado, enquanto o número de mulheres com CNH é 522.561.
🔻Em todos os estados do Brasil, a quantidade de homens com CNH é maior em relação às mulheres. Confira na tabela abaixo:
Quantidade de condutores habilitados por sexo
ESTADOS | MASCULINO | FEMININO |
Distrito Federal | 1.029.622 | 730.654 |
Goiás | 1.923.373 | 1.126.765 |
Mato Grosso do Sul | 796.243 | 476.437 |
Mato Grosso | 1.021.865 | 522.561 |
Alagoas | 504.789 | 186.533 |
Bahia | 2.388.280 | 933.890 |
Ceará | 1.635.053 | 815.323 |
Maranhão | 720.353 | 284.032 |
Paraíba | 685.651 | 274.457 |
Pernambuco | 1.721.561 | 661.841 |
Piauí | 484.948 | 202.219 |
Rio Grande do Norte | 636.193 | 288.215 |
Sergipe | 435.363 | 176.798 |
Acre | 172.575 | 99.667 |
Amazonas | 549.517 | 260.434 |
Amapá | 121.740 | 55.158 |
Pará | 1.138.095 | 465.593 |
Rondônia | 495.007 | 283.668 |
Roraima | 113.241 | 61.544 |
Tocantins | 375.259 | 185.292 |
Espírito Santo | 1.132.786 | 559.366 |
Minas Gerais | 5.377.612 | 2.926.939 |
Rio de Janeiro | 4.244.707 | 2.051.646 |
São Paulo | 15.268.760 | 9.955.073 |
Paraná | 3.651.606 | 2.262.844 |
Rio Grande do Sul | 3.614.787 | 1.984.885 |
Santa Catarina | 2.778.786 | 1.768.881 |
TOTAL | 53.017.772 | 29.600.715 |
A região com o número mais desproporcional de mulheres no trânsito é em Alagoas, onde o público feminino representa 26.98% do total de condutores. Já o Distrito Federal tem a maior representatividade feminina nas ruas, com 41.50% do total de habilitados.
🚗De acordo com os registros feitos pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MT) nos últimos cinco anos, quantidade de mulheres habilitadas cresceu 16,13% entre 2019 e 2023. Nesse período, mais de 72 mil mulheres tiraram a CNH (veja no gráfico abaixo).
Enquanto isso, 91.291 mil homens tiraram a carteira de habilitação nesse mesmo período, um crescimento de 9,81%.
Apesar do número ainda estar abaixo da quantidade de homens que procuram por esse serviço, historicamente, a procura feminina aumentou. De 2019 a 2020, o aumento de mulheres aptas a conduzir um veículo foi de apenas 1%. Já de 2022 para 2023 o crescimento foi de 5,7%.
Para o sociólogo e professor de economia na Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Mauricio Munhoz, os números refletem uma tendência histórica do Brasil. Segundo ele, da mesma forma em que os homens sempre ocuparam cargos com maiores salários, consequentemente, eles também são maioria na conquista da CNH e, em outras palavras, na posse de veículos.
“A gente pode entender isso avaliando o processo histórico de um país machista. Podemos elencar três pontos: a história econômica, os costumes do estado e o perfil de trabalho, que existem mais homens trabalhando em cargos de motoristas, por exemplo”, pontuou.
Maurício explicou ainda que o machismo também sempre levou algumas pessoas a fazerem piadas e comentários ofensivos sobre mulheres no trânsito. No entanto, ele ressaltou que os comentários não condizem com a realidade.
“As mulheres estão, estatisticamente, menos envolvidas em acidentes. Elas são mais prudentes, basta dizer que o seguro para as mulheres, em geral, é mais barato, mas esse machismo ficou hostil às gerações anteriores. Nem toda mulher tinha interesse de dirigir, pois era um ambiente opressor, elas pensavam em dirigir, mas tinham medo de serem zoadas”, explicou.
A assistente social Haydeê Carvalho contou que só conseguiu tirar a CNH aos 33 anos e, mesmo assim, ainda levou um ano e precisou fazer aulas extras para habilitados para pegar confiança e começar a dirigir nas ruas de Cuiabá.
“Sou de uma geração que era raro a gente aprender a dirigir. Acho que na época as maiores dificuldades eram a questão financeira e o machismo. Dirigir era coisa de homem e as coisas eram mais difíceis, principalmente para mulheres pobres. Não tínhamos acesso a muitas coisas”, ressaltou.
Agora com 54 anos, Haydeê afirmou que se sente realizada e confiante para conduzir um carro. Devido ao trabalho na área social da saúde, ela precisa visitar os pacientes com frequência.
“Me sinto muito feliz e agradeço a Deus todos os dias pela independência de ir onde quiser”, pontuou.
Enquanto maioria no trânsito, os homens também são os que mais morrem vítimas de acidentes.
Vítimas de mortes no trânsito em 2023 por sexo
MUNICÍPIO | Nº VÍTIMAS – MASCULINO | Nº VÍTIMAS – FEMININO |
Cuiabá | 96 | 17 |
Várzea Grande | 70 | 20 |
Sinop | 112 | 19 |
Rondonópolis | 43 | 15 |
Barra do Garças | 17 | 2 |
O Anuário da Segurança Pública mostrou que 727 homens morreram no trânsito no ano passado, enquanto 163 mulheres sofreram acidentes fatais. Sinop foi a cidade que mais registrou mortes de condutores do sexo masculino, enquanto Várzea Grande foi o munípio onde mais mulheres morreram em acidentes. (veja na tabela acima)
👩🦰 A primeira mulher a dirigir um carro motorizado foi Bertha Benz, em 1888, quando o esposo dela, Karl Benz, inventou o veículo com motor, mas não tinha segurança para testar a máquina nas ruas. Decidida, a “mãe do automóvel” pegou o carro e fez uma viagem de 100 quilômetros para experimentar e invenção do marido.
Já a primeira mulher a obter habilitação para dirigir no mundo foi a duquesa Anne d’Uzés, em 1889, na França. Foi ela também quem fundou o primeiro clube feminino do automóvel no país.
No Brasil, as primeiras mulheres habilitadas foram Maria José Pereira Barbosa Lima e Rosa Helena Schorling, em Vitória, Espírito Santo, no ano de 1932. Rosa, além de ter tirado a carteira para carros, conseguiu a permissão para guiar motos no ano seguinte.
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