Em entrevista nesta quarta-feira (12) o ex-deputado federal, e agora ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller afirmou que, ao contrário do que anunciou o ministro Carlos Fávaro, ele não pediu demissão do cargo. Geller disse que não aceita ser “bode expiatório” desta crise envolvendo o leilão de importação de arroz.
“Eu não fiz o pedido de exoneração. Depois que aconteceu esse leilão e começou a levantar algumas suspeitas, eu de imediato me posicionei com bastante firmeza na imprensa”, pontuou o ex-deputado.
O caso repercutiu após vir à tona que uma das empresas vencedoras de um dos lotes do leilão pertence ao ex-assessor parlamentar de Neri, Robson França. Ele também abriu no ano passado, uma empresa com o filho de Neri, Marcelo Geller. Nesta terça-feira (11) o ministro Carlos Fávaro comunicou que Neri pediu demissão.
Neri Geller revelou que conversou com seu filho, que garantiu que sua empresa ainda não fez nenhuma operação e não participou de nenhum leilão. Disse que também conversou com Robson, que lhe lembrou que não trabalha mais com ele desde 2020 e está seguindo sua vida. O primeiro leilão que Robson ganhou teria sido antes de Geller fazer parte do Governo.
O ex-deputado reforçou que sua demissão partiu do Ministério da Agricultura e do Governo, e não dele.
“Ontem de manhã eu conversei mais uma vez com ele [Fávaro], […] me falou que estava gerando muita polêmica. E realmente, a forma como foi conduzido esse leilão de importação, ao meu ver foi equivocado, e eu coloquei ao ministro que eu estava muito tranquilo, que não tinha nada para esconder e que sou parceiro para ajudar a construir soluções, ajudar o Governo esclarecer para a sociedade, pronto. Aí ele foi para o palácio, conversou com o presidente Lula, de lá ele me ligou, que a decisão então seria pelo meu afastamento. […] À tarde fui para o Ministério conversar, ele não me ligou e encaminhou um documento pedindo para essa Secretaria de Política Agrícola a exoneração a pedido, eu ratifiquei ela, documentei isso que eu não estaria pedindo demissão e foi isso que aconteceu”, explicou.
Neri também disse que não acredita que a ordem para sua demissão tenha partido do presidente Lula, considerando seu posicionamento e seu trabalho em defesa dele. Disse que tem “muito carinho e respeito” pelo presidente, mas afirmou que não aceita sair como “bode expiatório”.
“Eu realmente fiquei muito chateado, porque é muito triste para quem tem uma história como eu tenho, de 30 anos de trabalho, o setor da agricultura, da agropecuária brasileira tem uma relação de confiança comigo, de muito trabalho […], isso não vai ser jogado no lixo. […] Agora neste edital, porque ele é politizado, eu servir para sair como bode expiatório desta questão? Não vou aceitar, de forma nenhuma. Que a Polícia Federal, que a Justiça averigue se tem qualquer irregularidade”.
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