Nasceu, na segunda-feira (30/10), em Maiorca, na Espanha, o primeiro bebê gestado por duas mulheres. O pequeno, nomeado Derek, veio ao mundo com saúde e pesando 3,3 kg. Filho das mulheres Azahara, de 27 anos, e Estefanía, de 30, o garoto foi gerado porque as mães adotaram o método INVOcell.
Esse sistema funciona por meio de um aparelho que opera como uma espécie de incubadora, que é colocada sob o útero de uma das mulheres. Isso permite o desenvolvimento de um embrião durante os primeiros dias dentro do corpo. A técnica INVOcell, ao contrário dos métodos de laboratório, não ocorre “in vitro”.
Na família espanhola, o processo de geração do bebê começou com Azahara. Ela ingeriu uma cápsula de INVOcell. Essa etapa permitiu o início do desenvolvimento do embrião no útero da mulher.
Ao desenvolver-se, a INVOcell foi extraída com o embrião em seu interior e transferida para o útero Estefanía, que o carregou o feto por quase nove meses.
Segundo informações da TV espanhola IB3, Azahara contou que o processo de gestação começou em março deste ano. “Quando me ofereceram para tê-lo no colo do útero por cinco dias, foi como se eu também o tivesse dentro de mim”, disse.
“Esse procedimento proporciona grande valor emocional pelo fato de ambas as mulheres terem compartilhado a gestação do embrião”, afirmou o Hospital Juaneda Miramar, por meio de nota publicada em seu site.
Diferente da técnica de fertilização in vitro, o INVOcell permite que a fecundação e desenvolvimento embrionário inicial ocorra dentro do corpo da mulher.
Segundo o ginecologista e obstetra Marcus Vinícius de Paula, o processo ocorre por meio da inserção de uma cápsula no útero da mulher. Esse dispositivo, que precisa conter o óvulo e espermatozoides necessários à fecundação, é introduzido na vagina.
“Assim, a paciente passará pelo processo de fecundação e desenvolvimento embrionário inicial do feto”, explicou o especialista.
Médico da Maternidade Brasília, da rede Dasa, Marcus Vinícius comentou que a técnica INVOcell pode ser indicada a pessoas LGBTQIA+ que desejam ter filhos. “Nos casais homoafetivos, é possível que uma das pacientes receba o dispositivo com o óvulo e espermatozoide para fecundação e desenvolvimento inicial do embrião. Após a retirada do dispositivo, o embrião pode ser implantado em outro útero, no caso, a outra paciente”, falou.
Dessa forma, as duas pacientes teriam uma experiência de gestação. No entanto, enfatizou o obstetra, a fecundação do embrião necessita ocorrer entre um espermatozoide e um óvulo, “da mesma forma convencional dos métodos assistidos”.
De acordo com o especialista, o método INVOcell não deve ser utilizado em mulheres que não podem receber o dispositivo: “Em casos de pacientes operadas de cirurgia pélvica recente ou pessoas com histórico de infecção vaginal”, alertou.
Caso haja a inserção da cápsula do INVOcell, a mulher não deve ter relação relação sexual, além de evitar nadar, tomar banho de banheira e usar saunas “ou ambientes que possam alterar a temperatura vaginal”.
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