Em uma comparação com o ano de 2022, houve queda 2,80% na quantidade crimes violentos.
Mato Grosso registrou 919 homicídios dolosos – quando há intenção de matar – durante o ano de 2023. Esses dados fazem parte do Monitor da Violência, índice nacional de homicídios criado pelo portal/g1, com base em informações oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal. O levantamento foi divulgado nesta terça-feira (12).
A pesquisa também apontou que foram registrados 15 casos de latrocínio – roubos seguidos de morte – e dois de lesão corporal, contabilizando 936 casos de crimes considerados violentos no estado.
Número de crimes violentos em MT por mês em 2023
Indicador | JANEIRO | FEVEREIRO | MARÇO | ABRIL | MAIO | JUNHO | JULHO | AGOSTO | SETEMBRO | OUTUBRO | NOVEMBRO | DEZEMBRO |
Homicídio doloso | 68 | 82 | 78 | 74 | 69 | 59 | 67 | 80 | 69 | 93 | 94 | 86 |
Latrocínio | 1 | 0 | 2 | 1 | 1 | 1 | 3 | 0 | 0 | 2 | 4 | 0 |
Lesão corporal | 0 | 0 | 0 | 1 | 0 | 0 | 0 | 1 | 0 | 0 | 0 | 0 |
Apesar dos altos ÍndIces, os dados mostram que, se comparado com 2022, houve queda de 2,80% na quantidade crimes violentos.
Casos marcantes de 2023
Homem atira com arma de fogo e mata 6 em bar de MT
No dia 21 de fevereiro de 2023, dois homens mataram sete pessoas — entre elas, uma adolescente de 12 anos, depois de perderem um jogo em um bar, no Bairro Jardim Lisboa, em Sinop, a 504 km de Cuiabá, na tarde desta terça-feira (21). De acordo a Polícia Militar, os colegas os “zoaram” por terem perdido a partida. Um vídeo gravado por pessoas que estavam no local mostra momentos após a chacina.
No dia 13 de agosto do mesmo ano, a advogada Cristiane Castrillon da Fonseca Tirloni, de 48 anos, foi encontrada morta dentro do próprio carro, após ser espancada e asfixiada por um homem, no Parque das Águas, em Cuiabá. De acordo com a Polícia Civil, a vítima e o suspeito teriam se conhecido no dia do crime. O homem foi preso em flagrante e autuado por feminicídio.
Segundo a Polícia Civil, Cristiane passou a tarde do dia anterior em um churrasco com a família e amigos. Por volta de 22h, foi com o carro até um bar próximo à Arena Pantanal. No local, a vítima teria conhecido um homem com quem teria deixado o estabelecimento por volta de 23h30.
Já em novembro, uma mãe e três filhas foram encontradas mortas dentro de uma casa, no Bairro Florais da Mata, em Sorriso, a 420 km de Cuiabá. As vítimas, segundo a Polícia Civil, foram identificadas como Cleci Calvi Cardoso, de 46 anos, Miliane Calvi Cardoso, de 19 anos, Manuela Calvi Cardoso, 13 anos, e Melissa Calvi Cardoso, de 10 anos. Um funcionário, de 32 anos, que atuava em uma obra foi preso suspeito de matar as quatro vítimas.
Levantamento periódico é encerrado
O levantamento periódico dos assassinatos é um dos projetos do Monitor da Violência, criado em 2017 pelo portal/g1 em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP).
Naquela época, o governo federal não tinha uma ferramenta que permitisse à sociedade – jornalistas, pesquisadores, gestores públicos e demais cidadãos – acompanhar, de forma atualizada, os dados sobre homicídios do país. O único levantamento nacional era o do FSBP, divulgado no segundo semestre de cada ano.
A divulgação dos dados pelos estados também não era padronizada, e não havia uma frequência definida.
A partir da parceria, as centenas de jornalistas do g1 espalhados pelo país passaram a levantar junto aos estados dados sobre as mortes violentas ocorridas mês a mês, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) e das assessorias de imprensa dos governos.
Esse trabalho contribuiu para aumentar a transparência e a precisão das informações sobre segurança pública divulgadas no Brasil e, em 2024, o governo federal passou a publicar os dados de crimes violentos em um painel interativo com informações de todos os estados.
Os dados do governo federal, embora usem uma metodologia diferente da do Monitor (por incluir, por exemplo, mortes suspeitas e encontro de corpos e ossadas, que podem não ser homicídios), apontam para um cenário semelhante, de redução de 4% nas mortes violentas em 2023.
Esse aumento na transparência levou o g1 e os parceiros a decidirem encerrar o levantamento periódico das mortes violentas.
“O Monitor da Violência teve e tem um papel estratégico para a discussão de vários temas sensíveis da agenda da segurança pública, a exemplo dos dados sobre redução e esclarecimento de homicídios, letalidade e vitimização policial, sistema prisional, violência contra mulheres, entre outros. Afinal, a experiência internacional revela que é a partir da ação intensa de disseminação de informações fidedignas e qualificadas que políticas públicas são provocadas e gestores se mobilizam”, afirmam Renato Sérgio de Lima e Samira Bueno, diretores do FBSP.
A decisão não significa o fim do Monitor da Violência – apenas do levantamento periódico de assassinatos, diante de um cenário em que dados nacionais e atualizados sobre esses crimes estejam disponíveis para a população.
A parceria seguirá em outras iniciativas, como tem acontecido desde 2017. Nesse período, entre outras coisas, o Monitor da Violência realizou reportagens sobre
- Solução de investigações de homicídios;
- Letalidade policial e mortes de policiais militares;
- Feminicídios;
- Roubos de carro no Estado de SP;
- Impacto da decisão do STF que permitiu a substituição da prisão preventiva por domiciliar de grávidas e mulheres com filhos pequenos;
- Propostas para a segurança pública de candidatos à Presidência da República.