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Mercado e governo já falam em alta de 3% no PIB deste ano I Agro.MT

Com o resultado do PIB acima do esperado no segundo trimestre, com elevação de 0,9%, analistas recalibram para cima as previsões de crescimento da economia brasileira em 2023

Após o resultado acima das expectativas do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, mercado e governo começam a rever as estimativas para o crescimento da economia brasileira. As novas projeções indicam avanço de, pelo menos, 3% no indicador em 2023. Apesar da queda esperada da atividade agropecuária, analistas destacaram que houve surpresa nos dados da indústria e dos serviços, que acabaram puxando o PIB pela via do consumo das famílias, que avançou 0,9%.

Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta sexta-feira (1º/9), o PIB do segundo trimestre de 2023 avançou 0,9%. O dado ficou acima da mediana das estimativas do mercado, entre 0,2% e 0,3%, mas bem abaixo da alta de 1,9% no primeiro trimestre, confirmando uma desaceleração da atividade. Essa variação foi revisada para 1,8% pelo IBGE.

O Ministério do Planejamento e Orçamento, por exemplo, elevou de 2,5% para 3% a perspectiva de crescimento do PIB neste ano. Para 2024, a pasta prevê que o avanço da atividade econômica do país deverá crescer 2,3%.

O economista e consultor André Perfeito também elevou de 2,5% para 3% a estimativa de crescimento do PIB deste ano, após a divulgação do IBGE. “O resultado foi fortemente influenciado pelo consumo das famílias, que subiu 0,9%, e esse impulso, sem dúvida, é decorrente da elevação do rendimento médio real habitual que vem subindo por conta da inflação sob controle e de medidas mais ligadas ao aumento da demanda por parte da administração federal. Vale notar a alta de 0,7% no consumo do governo nesse trimestre também”, avaliou o economista.

Contudo, Perfeito reforçou o alerta de que esse resultado melhor do que o esperado deverá fazer com o Banco Central reduza o ritmo de afrouxamento da taxa básica de juros da economia (Selic), atualmente em 13,25% ao ano. “Não vai demorar para o mercado e parte do colegiado do Banco Central começarem a dar mais peso aos aspectos da atividade que limitam a queda dos juros. Com o PIB sendo revisado para cima e com dados benignos no mercado de trabalho, veremos, em breve, argumentações sobre o hiato do produto e PIB potencial ganharem peso”, afirmou. Ele reiterou a aposta de que a taxa básica deverá encerrar 2024 em 10,75% anuais.

Resiliência do agronegócio

O economista chefe do banco digital PicPay, Marco Caruso, destacou que o resultado do PIB foi melhor do que a alta esperada, de 0,3%, em grande parte devido ao fato de que o setor agrícola se mostrou mais resiliente do que as estimativas. “Em relação aos demais setores, o PIB de serviços aumentou 0,6% e o industrial, 0,9%. Analisando os detalhes, os destaques ficaram com o financeiro e a indústria extrativa, respectivamente”, destacou.

“De um lado, esperamos uma desaceleração da atividade econômica em consequência dos efeitos defasados da política monetária e a dissipação do impulso no período pós-pandemia. Por outro lado, ainda temos observado um alongamento do choque de oferta positivo, com um mercado de trabalho aquecido. Para 2023, preliminarmente, estimamos um crescimento de 3%”, afirmou Caruso, que, antes, esperava avanço de 1,9% no PIB deste ano.

Nova onda de revisões

O banco norte-americano Goldman Sachs elevou a previsão para o crescimento do PIB deste ano de 2,65% para 3,25% após os dados acima do esperado. Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, também revisou de 2,5% para 3% a estimativa de expansão do PIB deste ano. O Bradesco adiantou que ainda vai revisar para cima as projeções atuais.

Apesar da surpresa, economista Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), elevou de 1,8% para 2,5% a perspectiva de crescimento do PIB deste ano. Ela estava na ponta mais pessimista do mercado, prevendo recuo de 0,1% na comparação com o trimestre anterior e, mas piorou a espectativa para o terceiro trimestre, de -0,3% para -0,4%.

A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) abriu o primeiro pregão do mês no azul, reagindo positivamente aos dados melhores do PIB. Por volta das 11h20, o Índice Bovespa, principal indicador da B3, apresentava alta de 1,71%, a 117.757 pontos.

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