O governador Mauro Mendes (União) afirmou que uma eventual derrubada do Marco Temporal para homologação de terras indígenas poderá causar “confusão gigantesca” no País.
À rádio Jovem Pan News, no sábado (16), Mendes argumentou que atualmente cerca de 14% do território brasileiro pertencem aos povos originários. E a se a tese do Marco Temporal for derrubada, o percentual pode chegar a 27%.
Isso, para o governador, traria “insegurança jurídica” a produtores rurais não só de Mato Grosso, mas de todo Brasil.
“Já pensou transformar um terço do território brasileiro [em território indígena]? Todos os estados brasileiros serão impactados. Poderá se criar reserva indígena em muitas cidades. Porque há 100 ou 200 anos pode haver um registro de que foi ocupado por uma etnia e eles poderão reivindicar esse território. Olha o tamanho da confusão!”, disse Mendes.
“Nós iremos passar os próximos anos e décadas discutindo ocupação, desocupação, reintegração de posse. O Exército tendo que entrar”, emendou.
O governador apontou que o entendimento da tese do Marco Temporal já está “pacificado”.
“Está tudo pacificado. Hoje temos nossas reservas indígenas, que precisam ser remarcadas, atendidas, de uma forma melhor pela Funai e outros entes, e não é arrumar essa confusão gigantesca”, disse.
“Isso vai trazer uma insegurança jurídica gigantesca, vai desempregar milhares de brasileiros, vai alterar o mapa da produção agrícola do maior e mais importante da economia brasileira que é o agronegócio. É inadmissível que possamos conviver com algo dessa natureza e dessa magnitude”, disse.
Pedido ao Senado e ao STF
O assunto está sendo discutido pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e voltará à pauta nesta quarta-feira (20). Mendes ingressou com um pedido, na semana passada, pedindo que a Suprema Corte adie o julgamento até que o assunto seja debatido no Senado Federal.
Mendes afirmou que pediu, pessoalmente, ao presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD/MG) que inclua o projeto em pauta. Atualmente, o texto está na Comissão de Constituição e Justiça da Casa.
“O [deputado Arthur] Lira mostrou que quando quer fazer faz. Ele atropelou todo mundo, colocou ritmo e fez votar a reforma tributária. Se quer, faz!”, disse, referindo-se ao presidente da Câmara Federal.
O Marco Temporal é uma tese que considera que os indígenas só teriam direito à terra se estivessem sob sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal.
Os contrários à tese apontam que o Marco Tempo ignora as históricas violações de território que os povos originários sofreram ao longo dos anos.
Veja entrevista a partir 1h13:
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