Mauro Mendes afirma que as penas para os envolvidos no ato foram exageradas e que se o presidente conceder anistia estaria cumprindo as promessas de governar sem olhar para o passado e sem rancor
O governador de Mato Grosso Mauro Mendes (União Brasil) disse que o presidente da República Lula (PT) deveria defender a anistia dos condenados pelos atos do 8 de Janeiro para deixar de vez o passado para trás. Segundo ele, o perdão aos culpados pelos ataques antidemocráticos aos Três Poderes, em Brasília, seria exemplo de pacificação para acabar a briga entre lados políticos, possibilitando que o Brasil possa “construir o futuro”.
“Eu acho que nós temos que pacificar o Brasil. Temos que sair dessa agenda, briga de A com B, B com C, acho que o presidente Lula tinha que ser o primeiro cara a levantar essa bandeira. Tinha que colocar um ponto final nesse 8 de Janeiro. Vamos tocar nossa vida em frente, vamos dar exemplo na prática de que superamos nossas diferenças e estamos unidos por um Brasil melhor e um Brasil que possa verdadeiramente construir o futuro’, disse Mauro em entrevista ao portal Poder 360, nessa terça-feira (11).
O governador disso que os terroristas precisam, sim, ser penalizados. No entanto, pondera que o cálculo feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para definir qual pena será imposta a eles está sendo feita de forma desproporcional.
“Seria uma grande demonstração daquilo que o próprio presidente Lula já falou que iria governar sem olhar o passado, que iria governar sem rancor, sem mágoa. Ele disse muitas vezes isso e na prática defender o fim dessa inquisição, com todo respeito ao ministro Alexandre, ao Supremo Tribunal, mas eu acho que é um equívoco, um exagero fazer como estão fazendo. Erraram? Erraram! Tinha que penalizar? Tinha que penalizar! A dosimetria está errada na minha opinião”, argumentou o governador.
Até o momento, foram sentenciados pelo menos 216 acusados de envolvimento na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília. Todos foram condenados pelos crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado, pelos quais foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
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Os condenados foram sentenciados também a pagar, solidariamente com os demais, uma multa no valor de R$ 30 milhões a título de reparação pelos danos causados aos prédios públicos.
Ataques
O ataque às sedes dos Três Poderes e à democracia é sem precedentes na história do Brasil. Os envolvidos quebraram vidraças e móveis, vandalizaram obras de arte e objetos históricos, invadiram gabinetes de autoridades, rasgaram documentos e roubaram armas.
De acordo com o STF, foram instauradas 1.354 ações penais contra participantes dos atos antidemocráticos. O primeiro réu foi condenado em 14 de setembro. No total, 2.170 pessoas acabaram presas em 8 e 9 de janeiro de 2023.