O presidente brasileiro foi o primeiro chefe de Estado a discursar no encontro, 20 anos depois de ocupar a tribuna pela primeira vez, em 2003
Em discurso na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, nesta terça-feira (19/9), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a guerra da Ucrânia escancara a incapacidade dos países que fazem parte da ONU de alcançarem a paz.
“A guerra da Ucrânia escancara nossa incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da Carta da ONU. Não subestimamos as dificuldades para alcançar a paz, mas nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo. Tenho reiterado que é preciso trabalhar para criar espaço para negociações. Investe-se muito em armamentos e pouco em desenvolvimento”, declarou.
Lula foi o primeiro chefe de Estado a discursar no encontro, 20 anos depois de ocupar a tribuna pela primeira vez, em 2003. Ele reforçou que “estabilidade e segurança não serão alcançadas onde há exclusão social e desigualdade”, e mencionou os gastos militares e despesas nucleares que, de acordo com ele, são 20 vezes superiores ao orçamento regular da ONU.
“Continuaremos críticos”
O presidente definiu os conflitos armados como uma afronta à racionalidade humana. “A comunidade internacional precisa escolher: de um lado, está a ampliação dos conflitos, o aprofundamento das desigualdades e a erosão do Estado de Direito. De outro, a renovação das instituições multilaterais dedicadas à promoção da paz. As sanções unilaterais causam grandes prejuízos à população dos países afetados. Além de não alcançarem seus alegados objetivos, dificultam os processos de mediação, prevenção e resolução pacífica de conflitos”, afirmou.
O chefe de Executivo disse ainda que “o Brasil seguirá denunciando medidas tomadas sem amparo na Carta da ONU, como o embargo econômico e financeiro imposto a Cuba e a tentativa de classificar esse país como Estado patrocinador de terrorismo. Continuaremos críticos a toda tentativa de dividir o mundo em zonas de influência e de reeditar a Guerra Fria”.