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segunda-feira, novembro 25, 2024
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Lavouras destruídas, falta de alimentos e abrigo temporário: 41 terras indígenas de MT são devastadas por incêndios

Povos indígenas de Mato Grosso estão sofrendo com os incêndios florestais que atingem o estado desde o começo de agosto. Até o momento, cerca de 41 terras indígenas foram afetadas pelas chamas, segundo a Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt). As consequências desta devastação incluem plantações usadas para sustento dos povos indígenas destruídas e mudanças temporárias de moradias.

De acordo com a Fepoimt, o estado possui 46 povos e 86 terras indígenas, organizados em sete regionais, vivendo em todos biomas do estado: Amazônia, Cerrado e Pantanal.

“O triste de tudo isso é assistir os vídeos, os relatos, porque não é só a casa que pega fogo, são as roças, é o rio que tá seco. Triste também é ver alguns bichinhos queimando, em sofrimento”, relatou a presidente da Fepoimt, Eliane Xunakalo.

De janeiro deste ano até agora, Mato Grosso lidera o ranking de queimadas do Brasil, com 37,2 mil focos de incêndios, conforme dados do Programa BDQueimadas, do Inpe. Somente em agosto, o estado teve mais de 1,6 milhão de hectares atingidos e devastados pelo fogo, segundo uma análise feita pelo Instituto Centro de Vida (ICV), com base nas pesquisas da Administração Nacional dos Estados Unidos de Aeronáutica e Espaço (Nasa). Os três biomas estão em chamas.

VIDEO:

Na última sexta-feira (6), o Governo Federal reconheceu situação de emergência em 58 municípios de Mato Grosso.

Terras em chamas

 

Fumaça dos incêndios na Terra Indígena Capoto Jarina — Foto: Naira Pache/ TV Centro América
Fumaça dos incêndios na Terra Indígena Capoto Jarina — Foto: Naira Pache/ TV Centro América

Nas Terras Indígenas Utiariti e Paresina, na região de Campo Novo do Parecis e Tangará da Serra, o fogo já dura 35 dias, e mais de 200 mil hectares foram destruídos pelo fogo. Segundo um dos líderes do povo Paresi, Gilmar Koloizomae, a população precisa de equipamentos para combater as chamas e alimentos para os indígenas brigadistas.

“Temos só uma equipe de brigadistas que a gente acha que é pouco, e também porque eles têm poucos equipamentos. Então, a gente necessita da ajuda dos municípios, do governo do estado, do governo federal”, ressaltou.

 

  • Alimento comprometido

Os incêndios também comprometem a alimentação do indígenas, como é o caso dos moradores da Aldeia Piaruçu, na Terra indígena Capoto Jarina, na região do Parque Indígena do Xingu. Segundo Yaka Metuktire, a plantação de mandioca, principal alimento para os filhos e netos, foi destruída.

“Queimou tudo a minha roça. Queimou outra roça da minha mãe também. Isso é a comida que nós comemos, é a nossa alimentação que queimou, não tem mais nenhuma mandioca”, lamentou.

 

Megaron Txucarramae, umas das lideranças do Xingu, informou que o alimento do povo é a base da farinha, do biju, e, sem conseguir colher o que foi plantado, há o risco de faltar comida para o próximo ano.

“Estamos preocupados com a nossa alimentação natural. Não temos muito recurso para comprar comida que não é nossa”, pontuou.

 

Fogo atinge aldeias e destrói lavoura da Terra indígena Rio Formoso em MT; vídeo

Assim também é o caso da Terra indígena Rio Formoso, atingida por um incêndio de grandes proporções no último fim de semana. Ao todo, oito aldeias foram afetadas e a lavoura cultivada pelos moradores foi destruída. Ninguém ficou ferido e as moradias foram salvas.

  • Busca por abrigo

 

Fogo na Terra Indígena Capoto Jarina — Foto: Reprodução
Fogo na Terra Indígena Capoto Jarina — Foto: Reprodução

Também na região do Xingu, a família de Txuire Metuktire, precisou buscar abrigo em outra aldeia, após o fogo se aproximar de onde vive. O mesmo acontece com outras áreas atingidas.

“Estava sofrendo muito por causa da fumaça, sentindo um falta de ar. Meus filhos, meus netos. [quando] acabar a fumaça, vou retornar para a minha aldeia”, relatou.

Terras indígenas atingidas por focos de queimada em MT

TERRA INDÍGENA
Perigara
São Marcos
Sangradouro/Volta Grande
Areões
Parabubure
Ubawawe
Marechal Rondon
Pimental Barbosa
Tapirapé/Karajá
Kayabi
Kawahiva do Rio Pardo
Piripkura
Arara do Rio Branco
Aripuanã
Bahia dos Guatos
Sete de Setembro
Areões Chão Preto
Erikpatsa
Tirecatinga
Parabubure
Nambikwara
Vale do Guaporé
Utiariti
Merure
Bahia dos Guató
Portal do Encantado
Terra Indígena Sararé
Umutina
Urubu Branco
Capoto/Jarina
Zoro
Apiaka do Pontal e Isolados
Enauwene Nauwe
Sarare
Xingu
Marawatsede
Menkragnoti
Wedezer
Parque do Aripuanã
Lagoa dos Brincos

Medidas do governo federal

 

Fogo consome vegetação no Pantanal. — Foto: Araquém Alcântara
Fogo consome vegetação no Pantanal. — Foto: Araquém Alcântara

Durante uma audiência de conciliação no Supremo Tribunal Federal (STF), nessa terça-feira (10), o ministro Flávio Dino chamou as queimadas da Amazônia e do Pantanal de uma “autêntica pandemia de incêndios florestais” e deu cinco dias para ampliação do efetivo nessas regiões.

O objetivo da audiência foi avaliar o cumprimento por parte do governo de uma decisão da Corte que determinou a apresentação de planos de prevenção e combate a incêndios no Pantanal e na Amazônia.

Segundo o ministro, os Três Poderes precisam enfrentar o problema assim como fez durante a Covid-19 e as cheias do Rio Grande do Sul.

Ao fim da audiência desta terça ficou decidido, entre outras coisas, a ampliação do efetivo e do número de aeronaves para combate dos incêndios nas duas regiões.

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