O governador Mauro Mendes (União) afirmou que fará uma “cruzada” em Brasília para liberação da obra no Portão do Inferno, localizado na MT-251, cujo objetivo é acabar com o deslizamento de rochas.
O projeto será feito pela empresa Lotufo Engenharia e Construções Ltda por R$ 25,9 milhões. Contudo, o Estado precisa de autorização federal para executá-lo.
A fim de conseguir a liberação, Mendes pediu aos representantes de Mato Grosso no Congresso Nacional que pressionem o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
VIDEO:
“Estamos articulando para semana que vem uma agenda com o ICMBio, importante a participação dos senadores e deputados federais, para fazer uma pressão para que movam o corpinho deles e concedam essa autorização para que essa obra possa iniciar imediatamente e a gente acabar com esse pesadelo”, acrescentou.
O ICMBio emitiu uma nota à imprensa dizendo que não tem competência legal para o licenciamento ambiental de obras, empreendimentos ou pela manutenção e tráfego na via.
Veja na íntegra:
“Entre dezembro de 2023 e janeiro deste ano, o Instituto autorizou a realização de obras emergenciais no trecho da MT-251, que atravessa Parque Nacional, a pedido da Secretaria de Infraestrutura do Mato Grosso (Sinfra/MT).
O ICMBio é o órgão responsável pela gestão do Parque Nacional, mas não tem competência legal pelo licenciamento ambiental de obras e empreendimentos ou pela manutenção e segurança de tráfego na rodovia.
O Instituto reitera que aguarda o envio da documentação referente aos impactos ambientais do empreendimento sobre a unidade de conservação para dar prosseguimento ao processo de análise do projeto, bem como o cumprimento das condicionantes relacionadas às autorizações emitidas para a SINFRA/MT“, diz o instituto.
O governador Mauro Mendes assinou na quinta-feira (28) o contrato para realizar a obra que colocará fim aos deslizamentos de terra.
O projeto prevê em 120 dias a retirada total do maciço do Portão do Inferno, por meio de uma obra de “retaludamento” da encosta.
O retaludamento é um processo de terraplanagem através do qual se alteram, por cortes ou aterros, os taludes originalmente existentes no local, para se conseguir uma estabilização do mesmo.
O que será feito?
Um dos engenheiros responsáveis pelo projeto, Wilian Lopes, explicou que retaludamento consiste na retirada do maciço rochoso na curva do Portão do Inferno e a criação de taludes, uma série de cortes, que funcionam como degraus para impedir os deslizamentos de terra. Com isso, a estrada será recuada em dez metros, evitando também a passagem sobre o viaduto que existe hoje no local.
Segundo ele, o projeto prevê um novo traçado para a rodovia no km 46, que é considerado um dos pontos mais críticos do trecho.
De acordo com Willian, com esse novo traçado, os motoristas que passarem pela curva estarão mais seguros.
🚫Interdição
O trecho ficará interditado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 16h30. A pista será liberada de segunda a sexta apenas das 17h às 7h. Aos fins de semana, a rodovia permanece liberada a o dia todo.
No dia 13 de março, a Secretaria de Infraestrutura e Logística (Sinfra) encaminhou o projeto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e ao Ibama pedindo pela a dispensa de licenciamento ambiental. A resposta ainda não foi dada.
🚩Risco de desmoronamento
Em menos de 24h, Portão do Inferno registra dois deslizamentos de terra
Em 2023, a região foi palco de diversos episódios de desmoronamentos de blocos.(Veja vídeo acima) Essas movimentações ocorrem há anos, no entanto, as ocorrências se intensificaram desde o começo do período chuvoso, em novembro do ano passado. Desde então, o local permanece com o tráfego de veículos prejudicado.
Segundo o professor de geologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Caiubi Kuhn, o desprendimento ocorre porque as rochas que estão caindo na pista foram formadas há milhões de anos, quando o município era um grande deserto.
🏜️O pesquisador explicou que, com o passar do tempo, os grãos de areia se colaram e viraram pedregulhos. O professor contou que a erosão influenciou no processo de desintegração das rochas e, consequentemente, nos desabamentos.
Formação dos paredões de Chapada
Chapada dos Guimarães é conhecida pelas belezas naturais e atrai milhares de turistas todos os anos. O Portão do Inferno fica em uma curva da rodovia que liga a Cuiabá ao município, e possui paredões que chegam a 150 metros de altura.
A geóloga e mestre em geociências, Sheila Klener, esclareceu ao g1 que o município de Chapada dos Guimarães é formado por rochas sedimentares inseridas em uma estrutura geológica chamada Bacia Sedimentar do Paraná. De acordo com a pesquisadora, as pedras que estão caindo são formadas pela consolidação dos fragmentos de outras rochas.
“NA REGIÃO ESPECÍFICA DO PORTÃO DO INFERNO, SÃO ENCONTRADOS ARENITOS, QUE COMO O PRÓPRIO NOME DIZ, SÃO ROCHAS FORMADAS A PARTIR DA SEDIMENTAÇÃO DE AREIA. O RELEVO COMO VEMOS HOJE, É UM CONJUNTO DE FORMAS QUE DESENHAM A SUPERFÍCIE DO PLANETA. O RELEVO SE FORMA A PARTIR DA MOVIMENTAÇÃO DE PLACAS TECTÔNICAS E TAMBÉM DOS AGENTES INTEMPÉRICOS QUE SÃO O CLIMA, A AÇÃO DOS VENTOS, DA ÁGUA, MICRO-ORGANISMOS, VEGETAÇÃO E AINDA DA AÇÃO HUMANA”, PONTUOU.