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‘Ele perguntou se podia dar um abraço, segurou minha cabeça e me beijou’, diz vítima de homem que se apresentava como médium preso por abuso em MT

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Uma das vítimas do homem que se apresentava como médium preso, na terça-feira (5), suspeito de abusar sexualmente de pelo menos 7 mulheres, relatou um dos casos que sofreu. O suspeito foi identificado como Luiz Antônio Rodrigues da Silva, de 49 anos, e utilizava o Tik Tok para atrair as vítimas para uma ‘tenda religiosa’, em Cuiabá, segundo a Polícia Civil.

O suposto médium foi solto, nessa quarta-feira (7), um dia após a prisão. O suspeito publicou um vídeo nas redes sociais informando que os trabalhos no local estão mantidos. O advogado dele também confirmou o retorno das atividades.

O advogado de defesa de Luiz Antônio disse que o cliente é inocente e que tudo será devidamente provado no decorrer do inquérito e futuramente em caso de uma possível ação penal.

A imprensa conversou com uma das vítimas que não quis se identificar. Ela relatou que começou a frequentar o terreiro em maio de 2022. Em dezembro do mesmo ano, se mudou para o interior de Mato Grosso e passou a ir uma vez por mês no local.

O caso teria acontecido no fim de abril deste ano, quando ela entrou em contato direto com o suposto médium, para que ele colocasse o nome dela na lista para receber o ‘passe’, nome dado a um processo de transmissão de energias por imposição das mãos. Ela contou que na época não estava bem e o homem pediu para que ela fosse no local mais cedo para contar o que estava acontecendo.

“Fui e quando ele me viu, me chamou para entrar na sala dos atendimentos particulares. Ele começou a dizer que eu estava tentando salvar todo mundo e que eu não ia aguentar porque sou fraca. Perguntei o que eu podia fazer para melhorar. Ele começou a mudar de assunto e disse que iria me contar uma coisa que não era para dizer para outras pessoas”, relatou.

Segundo a vítima, o homem pediu para que ela fechasse os olhos e perguntou se ela via uma casa bem simples em um sítio, com mato e cavalos.

“Eu falava que não conseguia ver e ele disse que estava nessa casa junto comigo. Depois, disse que eu era a mulher dele naquela vida e que eu perdi um filho e, por isso, eu ficava me culpando. Comecei a chorar e ele perguntou se podia me dar um abraço. Depois, segurou minha cabeça, puxou para perto, beijou meu rosto, a minha boca e se afastou. Ele sentou na cadeira com um sorriso no rosto e eu fiquei em pé congelada, não sabia o que estava acontecendo”, disse.

A jovem relatou que perguntou para o suspeito porque ele tinha feito aquilo e que ela não consentia com a situação. Ele teria respondido que fez porque quis. “Ele deu uma risada e disse que eu estava deixando o que precisava passar e que podia dar tudo o que eu queria”, disse.

A mulher disse que depois do ocorrido, ficou sabendo que algo parecido aconteceu com a cunhada dela e que depois foram surgindo outras vítimas. Segundo ela, o suspeito fazia da mesma forma, durante atendimento particular na sala, utilizando os mesmos argumentos de vidas passadas.

Segundo a vítima, o suspeito também questionava a orientação sexual dela, pois sabia que ela tinha uma namorada e a todo momento falava sobre o relacionamento.

“Ele perguntou se já fiquei com homem, se eu era virgem e se eu já tinha me deitado com algum homem. Ele sempre perguntava sobre a minha namorada e ficava colocando coisa na minha cabeça, dizendo que ela me traía com outro homem e que eu tinha que ficar com ele”, disse.

 

Entenda o caso

 

Investigado atraia vítimas por meio do aplicativo Tik Tok — Foto: Reprodução

Luiz Antônio foi preso suspeito de abusar sexualmente de pelo menos 7 mulheres, dentre elas uma adolescente. Segundo a Polícia Civil, o suspeito utilizava o Tik Tok para atrair as vítimas para uma tenda onde prometia amparo sexual.

Conforme o depoimento das vítimas, no momento em que ficavam a sós com o guia para o suposto atendimento espiritual, ele se aproveitava para praticar os abusos. Segundo elas, o investigado alegava que os atos eram praticados por um ‘espírito encarnado’.

De acordo coma delegada titular da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher (DEDM) da capital, Judá Marcondes, o suspeito produzia conteúdos no Tik Tok e divulgava o próprio trabalho como líder religioso na plataforma. Em seguida, o homem marcava encontros com as vítimas em um local onde afirmava manifestar sua religiosidade, informou Marcondes.

A delegada ainda relatou que, com a prisão do guia, acredita que novas vítimas devem aparecer.

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