Samuel Oliveira Félix, de 10 anos, é diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e, até pouco tempo atrás, não podia participar de festas de aniversários porque tinha medo da música “Parabéns para você”.
Neste sábado (21) é celebrado o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. Para comemorar a data, é importante falar de superação que é o caso do Samuel Oliveira Félix, de 10 anos, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e que até pouco tempo atrás não podia participar de festas de aniversários porque tinha medo da música “Parabéns para você”, devido à sensibilidade a barulhos.
No entanto, a vida do Samuel mudou assim que o cuidador Dirceu França passou a acompanhá-lo na escola, em Cuiabá. A dedicação do profissional da educação marcou um novo capítulo na história do menino, que após um trabalho conjunto entre o cuidador Dirceu França e a equipe escolar, começou a aceitar a canção.
Ela contou que faz o acompanhamento com Samuel desde 2021. Na época, Samuel tinha muita sensibilidade com barulhos e sons externos, por isso ele tinha medo da música de aniversário.
“Sempre procuramos acabar com esse medo justamente porque isso o impedia de participar de festas e comemorações. Começamos a tratar isso de forma gradativa. No início cantávamos baixo e em inglês, até que ele começou a se acostumar com a versão em português e agora comemora com todos os colegas”, disse.
Além disso, Dirceu explicou que, mesmo Samuel superando o medo, ele ainda evita que o aluno fique em ambientes barulhentos, pois o som alto ainda o incomoda e tira o foco dele.
“Eu procuro evitar que ele fique em ambientes muito barulhentos e agitados, pois isso realmente o incomoda e tira o foco. Em sala de aula, costumamos sair um pouco para que ele possa se acalmar, como ir ao banheiro ou tomar água, e depois voltamos juntos”, explicou.
É claro que pessoas com deficiência possuem dificuldades e podem até sofrer por causa das limitações. Porém, para a mãe de Samuel, Jucilene Alves de Oliveira Félix, o autismo é algo além do diagnóstico, já que ela encara o filho como um exemplo vivo de progresso.
“O início realmente foi muito difícil. Os primeiros 15 dias na escola foram de choro. Ele não interagia com as crianças e queria fazer coisas diferentes do que estavam propostas na sala. Mas a evolução dele foi muito grande, ele quebrou várias barreiras, inclusive a que o impedia de cantar ‘parabéns’ junto com os colegas. Conseguimos fazer com que ele se sentisse incluído, e isso trouxe muita felicidade para nós”, relatou.
Samuel, por outro lado, hoje em dia nem se lembra mais do trauma, já que aprendeu a conviver com o som alto. Inclusive, agora ele tem até planos de como vai comemorar o aniversário de 11 anos, que acontecerá no ano que vem.
“Gosto de tudo que tiver parabéns, como bolo, balão. Eu gosto muito do Bob Esponja. Ano que vem meu aniversário vai ser desse tema e com o bolo amarelo igual o Bob”, detalhou Samuel.
Direito assegurado por lei
A presença de cuidadores em escolas, tanto públicas quanto privadas, é um direito garantido por lei desde 2014, com a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI). Essa figura fundamental na educação inclusiva auxilia estudantes que necessitam de suporte para realizar tarefas básicas, como alimentação, higiene e locomoção, garantindo um acesso mais digno ao ambiente escolar.
Embora a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva já previsse a importância dos cuidadores desde 2008, foi com a LBI que o papel desse profissional foi definido legalmente. A lei atribui ao poder público a responsabilidade de assegurar a oferta do serviço, sempre que houver necessidade e mediante indicação médica.
O cuidador escolar, também conhecido como profissional de apoio, atua como um facilitador do processo de inclusão. Além de auxiliar nas tarefas do dia a dia, ele também participa de capacitações constantes para promover a autonomia dos alunos e facilitar a sua interação com colegas e professores.