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Depois de perderem o pai para a Covid-19, agora, a esposa e os filhos vivem em outro canto da cidade onde a produção deles caiu pela metade.
O intenso movimento do Centro de Cuiabá já não faz mais parte da rotina dos comerciantes da família Nuri depois que foram afastados, há cerca de um mês, para o Bairro Lixeira devido às obras de reconstrução do Mercado Municipal Miguel Sutil, onde o estabelecimento deles ficava entre as avenidas Generoso Ponce e Isaac Póvoas.
A mudança ocorreu em um momento sensível à família de turcos que chegou na capital na década de 80 e ganhou fama na venda de salgados na região.
Em 2021, o fundador do comércio, Nuri Dogan, morreu por complicações da Covid-19 e, desde o ano passado, a esposa e os filhos lutam para estabilizar as dívidas contraídas durante a pandemia, quando foram surpreendidos pela perda do local de trabalho que tanto deu frutos à família.
O filho dele, Marbein Dogan, contou que a produção caiu drasticamente desde que saíram do Centro da capital.
“Não foi fácil encontrar um ponto que contemplava comercialmente o movimento que tínhamos em comparação ao ponto do Centro. Havia uma produção em média de 10.000 salgados por mês e, hoje, completamos um mês em novo local onde não fazemos nem 1.000 salgados por mês. Estamos com a nossa renda muito abaixo do que tínhamos no Empório antigo no Centro de Cuiabá “, afirmou.
A prefeitura informou, em nota, que concedeu auxílio aluguel aos antigos comerciantes durante o período de transição até o fim das obras no local.
Além disso, a administração pública disse que não tinha nenhuma obrigação legal em fornecer esse auxílio porque os comerciantes atuavam de forma precária na região, mas que, devido ao histórico construído pela família, foi concedido o benefício.
As obras de reconstrução do Mercado Municipal receberam investimentos de R$125 milhões, conforme a prefeitura, que prevê a entrega do local até dezembro de 2024.
O futuro de uma fonte de renda à família continua a tirar o sono de Marbein, sobretudo quanto a continuidade do legado do pai.
“Sentimos um pouco de tristeza e angústia, pois não sabemos como será nosso futuro como comerciantes. Gostaríamos de levar o legado do nosso pai para um futuro próspero, mas no momento ainda estamos engatinhando nesse novo local”, contou.
Trajetória
Por volta de 1962, Nuri Dogan saiu da Capadócia, lado asiático da Turquia, com os pais e os seis irmãos e vieram para o Brasil. Na época, ele tinha 16 anos. Eles moraram em Campo Grande (MS), a princípio, mas depois se mudaram para Cuiabá, na década de 80.
Aos 40 anos, ele abriu uma frutaria na 15 de Novembro na capital e, por volta de 1987, conheceu a mulher que seria a mãe dos filhos dele, Dona Mariana Miwa Murakami, descendente de japonês.
Em meados de 1998, Dogan conseguiu permissão para abrir um comércio na esquina do Mercado Municipal Miguel Sutil, onde precisou reformar todo o prédio que estava abandonado, dando o tom vermelho às paredes que marcaram a história do comércio do Centro da cidade.
“No começo era somente mercearia e frutaria, mas como o movimento estava fraco, minha mãe teve ideia de começar a fazer salgados que ela via receitas na TV e a esfirra que tinha aprendido com sua sogra. Isso foi um sucesso. As pessoas viam de longe para comer na nossa lanchonete que foi a nossa fonte de renda até os dias de hoje, permanecemos por 26 anos no Centro de Cuiabá de 1998 a 2023”, contou o filho.
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