A troca foi descoberta após 15 anos, no entanto, Wandré e Leornado só encontraram os pais biológicos após um longo período de buscas. Hoje, eles se consideram como irmãos.
Uma descoberta que começou com uma brincadeira e mudou para sempre a vida de várias pessoas, foi assim que os jovens Wandré Pohl Moreira de Castilho e Leonardo dos Anjos descobriram, aos 23 anos, que foram trocados na maternidade em fevereiro de 1995, em Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá.
Hoje, com 29 anos, Wandré e Leonardo se veem sempre que a rotina do trabalho permite, principalmente em datas comemorativas. Gislene Diogo da Silva, de 44 anos, mãe biológica de Leonardo, contou como é a relação entre eles.
“Eles se encontram direto na casa do Seu Joaquim e da Dona Lali [pais biológicos de Wandré], almoço de família, jantar, festa de aniversário…”, contou.
Wandré é casado, tem um filho de 9 anos e trabalha como cabeleireiro, enquanto Leonardo trabalha como vendedor de carros. Wandré contou que considera Leonardo como irmão e considera Gislene e Dona Lali como mães.
“Eu vejo ele bastante, a mãe que me criou também vejo bastante. Minha mãe biológica que não vejo com frequência porque ela mora em outra cidade”, explicou.
Dona Lali mora em Jarudore, distrito de Poxoréu, a 259 km da capital. Apesar da distância, os dois jovens fazem questão de reunir as famílias sempre que possível, como no último sábado (26), em que se reuniram para o aniversário do Seu Joaquim.
“Graças à Deus, Seu Joaquim e Dona Lali são pessoas humildes, que exalam amor pelo Wandré e criaram bem o Leonardo”, declarou Gislene.
Descoberta a partir de brincadeira entre irmãos
A mãe Gislene Diogo da Silva tinha 14 anos quando teve o primeiro filho, Leonardo. No entanto, devido ao erro da maternidade, ela e o pai da criança, Sival Pohl Moreira de Castilho, criaram Wandré e só descobriram que não eram os pais biológicos quando o menino fez 15 anos.
Foi uma brincadeira da família que mudou a história do rapaz. Os irmãos diziam que Wandré não era parecido com os outros familiares, então decidiram fazer exames de DNA e descobriram que o adolescente não era filho biológico e Gislene e nem de Sival.
A história da família veio à tona depois que a mãe fez um post em uma rede social com o objetivo de entender o que aconteceu. Foram oito anos de procura até conseguirem localizar os pais biológicos de Wandré e encontrar o filho biológico de Gislene, o Leonardo.
Decisão da Justiça
O Hospital Santa Casa de Rondonópolis foi condenado pela Justiça de Mato Grosso a pagar uma indenização de R$ 200 mil para dois jovens que foram trocados.
Após a descoberta, as famílias entraram com uma ação pedindo indenização pela falha cometida pelo hospital, alegando “efeitos psicológicos sentidos pelos pais e filhos”. Na decisão da última sexta-feira (25), a desembargadora Nilza Maria Pôssas de Carvalho determinou o pagamento de R$ 100 mil para cada jovem por danos morais.
Em nota, o hospital afirmou que irá recorrer desta decisão, visto que entende que há provas no processo que demonstram que o hospital tomou todos os cuidados para identificação dos bebês, bem como pelo fato de que não foi provada a troca dos bebês dentro de suas dependências.
A reportagem a família se pronunciou sobre a decisão.
“Sinto que a justiça tem de ser feita mesmo. Sobre o hospital recorrer, estão fazendo isso desde primeira decisão, creio que querem ganhar mais tempo ou algo assim, então vão continuar fazendo até o fim”, declarou Leonardo.
Gislene questiona como a troca poderia ser feita fora das dependências do hospital, se ela e a Dona Lali não se encontraram e nem se conheciam na época.
“Eu a encontrei pela primeira vez no dia de fazer o exame [de DNA]. É um erro deles e agora eles estão errando muito mais, nos acusando de ter trocado os bebês lá fora”, desabafou.
Wandré também questiona a nota do hospital.
“Por qual motivo as mães iriam se encontrar em algum lugar e trocar os bebês ou levá-los enganados?”, indagou.