Os resultados obtidos nas primeiras áreas de soja colhidas em Mato Grosso continuam preocupando não somente o produtor, mas também a economia local dos municípios afetados pela estiagem prolongada. Em Campo Novo do Parecis, áreas que antes colhiam entre 50 e 70 sacas de média, estão registram médias entre 4 e 30 sacas apenas.
A colheita da soja em Mato Grosso chegou a 6,46% dos 12,131 milhões de hectares estimados para o ciclo 2023/24.
Em nota divulgada nesta quarta-feira (17), o Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis destacou que as preocupações em torno da situação vista no campo são muitas diante “os impactos na economia local no curto prazo devido a maior seca dos últimos 40 anos”.
Ainda de acordo com o sindicato, a alteração das chuvas em 2023, provocada pela forte presença do fenômeno El Niño no estado, “causou significativas perdas de produtividade, ainda não mensuráveis nas lavouras de soja” e que diante dos resultados que estão sendo obtidos os produtores “não estão conseguindo assim nem pagar o custo de produção”.
A estimativa do Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis é uma perda geral de 25% na produção.
Conforme a nota, além da soja, as culturas de segunda safra e a pecuária também foram afetadas no município. Campo Novo do Parecis é reconhecida nacionalmente como a capital da segunda safra pela diversidade de culturas, visto semear milho, algodão, girassol, feijão, cana-de-açúcar, entre outros.
O sindicato lembra ainda que nos últimos anos o setor também sofreu com a diminuição da oferta de fertilizante e insumos devido à guerra e a pandemia, fatores que elevaram os preços dos produtos. Além dos aumentos das taxas de juros e impostos, como o Fethab.
“Com base no cenário exposto, visando minimizar a inadimplência do produtor e consequentemente perda de crédito, o Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis afirma a necessidade de atuação do Governo Federal e instituições financeiras, no sentido de renegociar os compromissos assumidos pelos produtores rurais e os pagamentos dos custeios e investimentos que terão vencimento neste ano”.
O sindicato orienta ainda os produtores de Campo Novo do Parecis a registrarem as suas perdas por meio de laudos técnicos e fotos.
A orientação, inclusive, segue a recomendação da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT).
Em recente entrevista ao Canal Rural Mato Grosso, o presidente da Aprosoja-MT, Lucas Costa Beber, frisou que “sempre se fala em parceria e agora é a hora [das empresas e agentes financiadores] de mostrar a parceria de verdade”.
“Dois anos atrás tivemos o problema da entrega de químicos, principalmente para a dessecação, aonde o produtor teve que entender e buscar alternativas e muitas vezes pagar mais caro. Agora é a hora das empresas mostrarem essa parceria. Mas, é claro que a gente fala que o produtor tem que ser cauteloso, agir de forma idônea e comunicar a empresas de forma antecipada. Contratar um agrônomo de confiança para fazer laudos técnicos e sempre buscar uma assessoria jurídica de qualidade para evitar prejuízos maiores”.
Segundo o presidente da Aprosoja-MT, os decretos de situação de emergência emitidos pelas prefeituras de Mato Grosso são de suma importância para o produtor rural para eventuais casos de renegociação com empresas e agentes financiadores.
Desde o dia 30 de novembro, de acordo com informações publicadas no Jornal Oficial Eletrônico dos Municípios de Mato Grosso, há registros de decretos municipais em diversas regiões produtivas do estado.
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