Fundada em 1719, Cuiabá completa 305 anos nesta segunda-feira (8). A cidade é conhecida pelas altas temperaturas e obtém o atual recorde de temperatura máxima absoluta das capitais no país, com 44,2°C. Desde a decada de 40, a temperatura máxima da cidade subiu 3 ºC , conforme registros feitos pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e avaliados pelo climatologista e doutor em meteorologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Rodrigo Marques.
Rodrigo explicou que o histórico de Cuiabá sempre foi de temperaturas elevadas, mesmo com uma média de temperatura na casa dos 26ºC.
“Na década de 40, chegou a fazer um calor na faixa de 41ºC. Desde o início das medições, houve um aumento de pelo menos 3 ºC na máxima absoluta, que é a maior temperatura já registrada”, explicou.
Um gráfico das medições através das décadas mostra o quanto a temperatura da capital teve elevação, quando comparada às décadas anteriores, principalmente nos meses mais quentes, entre agosto e dezembro.(Veja abaixo)
Segundo Rodrigo, ainda é possível afirmar que a previsão é que as temperaturas continuem a subir, já que além da elevação das temperaturas máximas, houve o aumento das temperaturas mínimas da capital.
“Nos gráficos podemos ver que a média das máximas aumentou e a média das mínimas também aumentou, isso é o principal indicador de mudança climática, tem feito menos frio”, disse.
O professor explica que o motivo deste calor extremo é uma combinação de fatores: aquecimento global, localização e falta de vegetação na capital.
“Temos a questão climática que afeta sim, mas Cuiabá é naturalmente uma cidade muito quente por estar mais próxima a linha do Equador e por estar em uma área mais baixa que o entorno, isso faz com que não tenha circulação de vento. Para ajudar, trocamos a vegetação por concreto, então uma cidade que naturalmente já é muito quente, fizemos com que se tornasse um pouco pior”, explica.
Para reverter a situação, Rodrigo diz que a maior contribuição que o ser humano pode dar é acabar com as queimadas, além de recuperar a vegetação nativa da cidade. O professor conta que os cuiabanos que moravam na capital, tinham quintais sombreados, mas hoje o lote mínimo na capital é de 70 m².
“Os quintais diminuíram, a sombra acabou e isso tem feito com que as casas ficassem mais quentes. Fora o padrão de construção, já que as casas antigas eram de adubo e as paredes eram mais grossas, o que fazia com que dentro da casa fosse mais fresco”, diz.
Em outubro de 2023, a capital atingiu 44,2°C e entrou para a lista das 10 maiores temperaturas já registradas no Brasil, pelo Inmet. Segundo o Instituto, o novo recorde histórico de calor superou a marca de 44°C registrado em 30 de outubro de 2020, quando o Brasil viveu uma das ondas de calor mais intensas já registradas no país.
O primeiro registro de temperaturas acima de 42ºC foi em 2010 com 42,3ºC. Depois, em 2020 tivemos o primeiro registro de 44,0ºC, e em outubro de 2023 foi registrado o novo recorde com 44,2ºC. Foram 108 anos para ter o primeiro registro de 44,0ºC e depois somente 3 para superar esta temperatura.
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