Categories: Featured

Brasileira resiste à saída de vila no Líbano cercada por bombardeios: ‘é a nossa casa’

“Não queremos sair porque o Líbano é a nossa casa. Sair é a nossa última opção, pois tudo está aqui. Só pensamos em deixar o país se a situação piorar mesmo e os bombardeios chegarem na nossa cidade”. Esse é o relato da cuiabana Hanan Hallak, de 18 anos, que mora no Líbano desde 2019, junto com a mãe e a irmã.

A jovem relatou que as três têm vivido momentos de muita tensão e insegurança em meio à guerra. Hanan explicou que os pais são libaneses, mas que ela e a irmã nasceram em Cuiabá. Atualmente, o pai de Hanan está no Brasil e as três na cidade de Karaoun, que fica no Vale do Bekaa.

Segundo ela, várias cidades desse vilarejo já foram atacadas, mas Karaoun não foi uma delas. A cuiabana acredita que isso não irá acontecer e que, por isso, não pretendem sair do país, apesar da insegurança.

“Escutamos o barulho dos bombardeios e vemos a fumaça. Chegamos até a sentir a pressão das explosões às vezes. É assustador”, disse.

 

Hanan junto da mãe e irmã — Foto: Reprodução

Resistência

 

Em setembro deste ano, dois adolescentes brasileiros Myrna Raef Nasser, de 16 anos, e Ali Kamal Abdallah, de 15 anos, morreram vítimas de bombardeio na região do Vale do Bekaa.

Para a comunicadora e pesquisadora sobre a história da resistência armada na Palestina, Bárbara Rosa, a decisão de Hanan e sua família de permanecer na vila é uma forma que elas encontraram para lutar e resistir aos ataques e à guerra psicológica travada contra a população civil.

Ela explicou que os povos do Levante tem uma conexão muito forte com a terra onde seus antepassados viveram e onde hoje eles tentam dar continuidade à história e cultura de seu povo.

“Escolher abandonar sua terra, ainda que tenham dupla cidadania, como é o caso delas [Hanan e família], não é uma escolha simples. Muitos escolhem permanecer e resistir aos ataques, mesmo que para isso tenham que colocar a vida em perigo”, explicou.

 

✈️Resgate de brasileiros

 

Nesta terça-feira (8), o segundo voo da Força Aérea Brasileira (FAB) com repatriados do Líbano chegou ao território brasileiro. Ao todo, segundo estimativa do Itamaraty, cerca de 3 mil dos 21 mil brasileiros que vivem no Líbano querem retornar ao país e deixar a zona de conflito.

Para isso, a FAB tem utilizado a aeronave KC-30 (com capacidade para 230 pessoas) e também pode passar a utilizar o KC-390 (com capacidade para 90 pessoas).

São os mesmos aviões utilizados nas operações de repatriação no fim do ano passado, para retirar cidadãos de Israel e da Faixa de Gaza.

Avião que vai repatriar brasileiros do Líbano — Foto: FAB

Conflito armado

Entenda o conflito no Oriente Médio e a possibilidade de uma guerra geral

O Líbano tem sido alvo de bombardeios aéreos de Israel, que mira alvos do grupo Hezbollah em território libanês. Os ataques têm atingido também civis, e dois cidadãos brasileiros já morreram desde a intensificação dos ataques a partir do dia 20 de setembro.

Nos últimos meses, Israel e Hezbollah viveram um aumento nas tensões. Um comandante foi morto em um ataque israelense no Líbano, em julho. No mês seguinte, o grupo preparou uma resposta em larga escala contra Israel, que acabou sendo repelida.

Mais recentemente, líderes israelenses emitiram uma série de avisos sobre o aumento de operações contra o Hezbollah. O gatilho para uma virada no conflito veio após os seguintes pontos:

  • Nos dias 17 e 18 de setembro, centenas de pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah explodiram em uma ação militar coordenada.
  • A imprensa norte-americana afirmou que os Estados Unidos foram avisados por Israel de que uma operação do tipo seria realizada. Entretanto, o governo israelense não assumiu a autoria.
  • Após as explosões, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que estava começando “uma nova fase na guerra”.
  • Enquanto isso, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu que levará de volta para casa os moradores do norte do país, na região de fronteira, que precisaram deixar a área por causa dos bombardeios do Hezbollah.
  • Segundo o governo, esse retorno de moradores ao norte do país só seria possível por meio de uma ação militar.
  • Em 23 de setembro, Israel bombardeou diversas áreas do Líbano. O dia foi o mais sangrento desde a guerra de 2006.
  • Em 27 de setembro, Israel matou o chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, por meio de um bombardeio em Beirute.
  • Israel lançou uma operação terrestre no Líbano “limitada e precisa” contra alvos do Hezbollah, no dia 30 de setembro.
  • Em 1º de outubro, o Irã atacou Israel como resposta à morte de Nasrallah e outros aliados do governo iraniano.

 

mtmais

Recent Posts

“Vamos chegar entre os cinco melhores estados do país em Educação”, destaca governador

Durante abertura da Semana Pedagógica, Mauro Mendes destacou avanços obtidos nos últimos anos O governador…

10 horas ago

Governo de MT realiza workshop de comunicação pública e institucional

As inscrições poderão ser feitas até o dia 31 de janeiro, com vagas limitadas O…

10 horas ago

Corpo de homem é encontrado em estado de decomposição em córrego de Cuiabá

Principal suspeita é que as fortes chuvas tenham levado o corpo até o local. O…

10 horas ago

Contas do Governo de MT são aprovadas pela Assembleia Legislativa

Aprovação seguiu parecer favorável do TCE para a gestão fiscal do Estado A Assembleia Legislativa…

13 horas ago

Governo de MT fará aporte para construção de casas populares em mais oito municípios

Residenciais serão construídos pelo Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), com complementação do valor pelo Governo…

14 horas ago

Deputados aprovam por unanimidade RGA de 4,83% dos salários dos servidores

Revisão Geral Anual tem o mesmo percentual da inflação oficial do país, apurada pelo IBGE,…

14 horas ago