A primeira oferta do Brasil de títulos públicos sustentáveis no mercado internacional, os chamados “green bonds”, levantou US$ 2 bilhões, numa operação, liderada pelos bancos Itaú, J.P. Morgan e Santander. A taxa dos papéis de sete anos, com vencimento em março de 2031, ficou em 6,5% ao ano.
Essa é a primeira emissão soberana realizada pelo país no mercado internacional atrelada ao selo da sustentabilidade. “Nós conseguimos um resultado bastante expressivo”, comentou, nesta segunda-feira (13/11), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Isso significa um spread implícito (acréscimo em relação aos juros pagos por títulos do Tesouro dos Estados Unidos) de 180 pontos (de porcentagem), e isso é relevante porque esse é o spread pago a países com grau de investimento. É um dado relevante, porque o mercado internacional reconhece o Brasil como se o país tivesse um grau de investimento, cobrando uma taxa de juros comparável a um país como, por exemplo, o México”, avaliou.
Haddad lembrou ainda que o spread pago pelo Brasil caiu bastante nos últimos seis meses. “Independentemente da avaliação das agências de risco, para o mercado, o Brasil é um país que tem a credibilidade de um país com grau de investimento”, disse.
A alocação final contou com expressiva participação de investidores não residentes, sendo cerca de 75% da Europa e da América do Norte, com a América Latina, incluindo o Brasil, respondendo por 25%. A expectativa é de que a emissão de dívida externa sustentável ajude o país a atrair mais dinheiro de investidores estrangeiros.
Em nota, a Secretaria do Tesouro Nacional afirmou que o objetivo da operação é “reafirmar o compromisso da República com políticas sustentáveis, convergindo com o crescente interesse de investidores não residentes e com a expansão do mercado de títulos temáticos no mundo”.
Os títulos verdes devem ajudar a financiar uma série de ações focadas na preservação ambiental, como a mitigação das mudanças climáticas, conservação de recursos naturais e desenvolvimento social.
A distinção do título verde para os títulos tradicionais do governo é apenas a destinação. Segundo o Tesouro, essa primeira emissão destinará de 50% a 60% dos recursos a projetos de meio ambiente, enquanto projetos sociais devem ficar com os 40% a 50% restantes.
A Fazenda apresentou, em março, os planos para emitir esse tipo de papel no mercado internacional. Em setembro, o governo lançou o arcabouço para títulos soberanos sustentáveis e fez reuniões com investidores no exterior para apresentar a proposta. Havia a expectativa de que a operação fosse concluída entre setembro e outubro, mas a piora das condições do mercado e o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos acabaram adiando os planos do governo brasileiro.
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