A mestre em história, Karla Mesquita, para entender melhor sobre a trajetória do espaço.
Nesta segunda-feira (8), a capital mais quente do país completa 305 anos e um dos pontos mais conhecidos está localizado no tradicional Bairro do Porto, o Sesc Arsenal. O espaço é popularmente conhecido pelos eventos culturais, mas você conhece a história desse lugar?
Em conversa com a mestre em história, Karla Mesquita, para entender melhor sobre a trajetória do local.
A historiadora contou que a família real portuguesa determinou a construção do prédio por meio de uma carta régia assinada por Dom João VI, em 1818. As obras começaram no ano seguinte e seguiram por 13 anos, até que as portas fossem oficialmente abertas com o nome de Arsenal de Guerra da Província de Mato Grosso.
Em 1864 se inicia a Guerra do Paraguai, transformando o local em um ponto estratégico para o exército, funcionando como um estoque de armamentos e canhões. Posteriormente, se tornou uma escola de reparos de armas e uma fábrica de pólvora.
Além disso, o arsenal também serviu como cadeia pública entre os anos de 1842 e 1872. Lá ficaram detidos militares acusados de indisciplina, soldados desertores, pessoas que ajudavam na fuga de outros presos e civis condenados por crimes graves.
Segundo Karla, os detentos trabalhavam na cozinha, limpavam ruas, faziam trabalhos de marcenaria e até cuidavam do esgoto.
A arquitetura
Karla explicou que a arquitetura do arsenal segue um estilo neoclássico, refletindo as tendências arquitetônicas predominantes no Rio de Janeiro após a chegada da família real.
Ela contou que algumas janelas do prédio são pequenas por fora e grandes por dentro, uma característica estrategicamente pensada para o combate.
“Por dentro, elas tem espaço suficiente para um soldado manusear o equipamento bélico, já do lado de fora, se revelam muito pequenas, para dificultar o ataque inimigo”, disse.
305 anos de Cuiabá
A cidade foi fundada oficialmente em 1719. O primeiro povoado da região surgiu no ponto onde o Rio Coxipó deságua no rio Cuiabá, conhecido como São Gonçalo.
O historiador da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Otavio Canavarros, explicou que a capital já era conhecida pelos bandeirantes, mas só foi desbravada após a perda da hegemonia de Minas Gerais e São Paulo, com a Guerra dos Emboabas.