O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), anunciou que o estado vai utilizar Inteligência Artificial (IA) para combater os crimes ambientais que ocorrem no Pantanal. A medida foi anunciada durante assinatura de plano integrado contra incêndios no bioma em parceria com o governo de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, nesta quinta-feira (18).
Mauro Mendes explicou que o uso da IA será refinado pelo governo de Mato Grosso, após denúncia do Fantástico revelar que um pecuarista desmatou 80 mil hectares do Pantanal mato-grossense para plantar capim e fazer pasto para boi.
Atualmente, o estado de Mato Grosso conta com um sistema que detecta o desmatamento mais comum, realizado por tratores. Porém, após denúncia do Fantástico, uma Inteligência Artificial será aprimorada para detecção de desmatamento químico, como apontou Mauro Mendes.
“O cidadão desmatou 81 mil hectares em um crime gravíssimo contra a natureza. Um tapa na cara de todos nós. Ele causou um desmatamento químico e vamos tomar providências usando de inteligência artificial para que isso não ocorra mais. Estivemos lá e autuamos. O cidadão teve 2,8 bilhões de reais em multas aplicadas. Infelizmente no Brasil existe uma parte pequena da população que não respeita e por isso a punição severa é fundamental”, explicou o governador.
O governador de Mato Grosso explicou que o sistema atual leva 24h para detectar o desmatamento realizado por tratores. “Já tomamos providências e estamos preparando para utilizar IA para detectar alteração do bioma não só da forma tradicional”, pontuou Mendes.
Áreas do Pantanal são destruídas por agrotóxicos jogados de avião
O pecuarista Claudecy Oliveira Lemes, que tem 11 fazendas no município de Barão de Melgaço, em Mato Grosso, é acusado de desmatar parte do Pantanal para plantar capim e fazer pasto para boi.
As propriedades dele vão ser administradas por uma empresa escolhida pela justiça até que terminem as investigações sobre esse crime ambiental de proporções gigantescas.
O Fantástico sobrevoou a região afetada: as áreas onde houve desmatamento somam 80 mil hectares – o tamanho da cidade de Campinas, em São Paulo.
Os investigadores dizem que a intenção do fazendeiro era aniquilar a vegetação mais alta. Isso resultou em imensas manchas cinzas na paisagem, formada de árvores que perderam todas as folhas – resultado de um processo chamado de desfolhamento químico, obtido quando se faz uma pulverização criminosa ao lançar de avião toneladas de agrotóxicos sobre a mata preservada.
Para conseguir transformar a área em pastagem para gado, o proprietário investiu tempo e fortuna, informa a investigação. Ele fez a aplicação de herbicidas ao longo de três anos, e as notas fiscais apreendidas revelam que, só com a compra de agrotóxicos, ele gastou R$ 25 milhões.
“Quando ele joga diretamente do avião, além de matar essas árvores, influencia também diretamente na fauna, principalmente na água”, disse Jean Carlos Ferreira, fiscal da Secretaria do Meio Ambiente de Mato Grosso que inspecionou a área.
Segundo a Secretaria, o fazendeiro usou 25 agrotóxicos diferentes, um deles tem a substância 2,4-D. O professor Wanderlei Pignati, da Universidade Federal do Mato Grosso, diz que é a mesma presente na composição do chamado agente laranja.
Trata-se de um desfolhante químico altamente tóxico usado pelos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. Com o herbicida, as tropas americanas desmatavam florestas pra impedir que soldados inimigos se escondessem embaixo da vegetação.
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