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Apesar do veto no Conselho de Segurança, posição do Brasil se fortalece

A resolução pedia a suspensão das hostilidades entre Israel e o grupo terrorista Hamas a fim de se construir um corredor humanitário para ajudar a população sitiada em Gaza

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que a resolução encaminhada pelo Brasil no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), mas vetada pelos Estados Unidos — para a suspensão das hostilidades entre Israel e o grupo terrorista Hamas a fim de se construir um corredor humanitário para ajudar a população sitiada em Gaza —, não foi uma proposta apenas do Brasil. Segundo ele, foi uma “articulação da nossa diplomacia durante a sua presidência rotativa no colegiado”.

O ministro — que logo depois do veto dos EUA concedeu uma entrevista ao lado do ministro da Defesa, José Múcio, e do comandante da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno, e também compareceu ao Senado para dar informações sobre os esforços do Itamaraty — avalia que, apesar do veto americano, a posição diplomática brasileira sai fortalecida.

“Fizemos todo esforço possível”, disse o chanceler. Isso porque, com o Brasil, votaram dois países do poder de veto no Conselho de Segurança, China e França. Rússia e Reino Unido, que também têm o privilégio de derrubar propostas, se abstiveram. O único voto contrário foi o dos EUA.

Para o embaixador aposentado Roberto Abdenur, a posição brasileira saiu fortalecida na ONU, apesar do veto americano. “Malgrado o veto dos EUA, foi, em termos político-diplomáticos, uma vitória do Brasil, ao conseguir o apoio de outros 12 países, com a abstenção do Reino Unido, em geral apoiador dos EUA. Como veterano do serviço exterior brasileiro, a que servi por 45 anos, vejo com muito orgulho a atuação impecável do Itamaraty, tanto nas Nações Unidas, quanto na operação de resgate dos brasileiros em Israel e Gaza”, afirmou o embaixador aposentado.

Na audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, o chanceler lembrou que o Conselho da ONU não aprova uma resolução do tipo desde 2016. A proposta articulada pelo Brasil com os demais integrantes do colegiado obteve 12 votos.

Ainda na audiência, o ministro foi questionado pelos senadores da oposição sobre o motivo do Brasil não declarar o Hamas uma organização terroristas. Segundo o chanceler, a posição histórica do país é seguir as resoluções aprovadas pela ONU, algo que facilita a interlocução com todos os lados do conflito. “Serve como um escudo protetor aos cidadãos brasileiros que estejam no exterior e se vejam no meio de um conflito”, salientou.

Vieira saudou o anúncio do governo israelense de liberar o acesso da ajuda humanitária ao território palestino. “Acho uma ótima notícia. Melhora muito a situação e vai permitir a saída de todos os que estão retidos”, afirmou.

Questionado pelo Correio sobre o simbolismo de o anúncio ocorrer logo após o encontro do presidente americano Joe Biden com o premiê israelense Benjamin Netanyahu, o chanceler minimizou a questão. “É ótimo que aconteça, com visita ou sem visita. O importante é que aconteça”, afirmou. O anúncio da liberação do corredor humanitário foi feito por um comunicado do gabinete do primeiro-ministro de Israel ao mesmo tempo em que Vieira participava da audiência no Senado.

Retirada de brasileiros do Oriente Médio

O Brasil retirou da região do conflito no Oriente Médio 1.135 brasileiros por meio da Operação Voltando em Paz, mas 150 pessoas continuam aguardando a repatriação. Desses, 120 estão em Israel e cerca de 30 estão retidos em Gaza.

O resgate desses nacionais no território palestino será feito pela aeronave da Presidência da República, um jato Embraer 190, que pousou, ontem, no aeroporto de Al Arish, no Egito, a cerca de 55 km da fronteira com Gaza — onde fez o desembarque de 40 purificadores de água e kits de atendimento médico para o socorro de 6 mil pessoas.

Depois de entregar a carga humanitária, a aeronave decolou para o aeroporto do Cairo, onde aguarda, segundo a Força Aérea Brasileira, à chegada dos brasileiros — que dependem de autorização para cruzar a fronteira de Gaza com o Egito, na passagem de Rafah.

O Noroeste

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