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AGU se manifesta contrária a lei que proíbe pesca comercial por 5 anos em MT | Mato Grosso

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A Advocacia-Geral da União (AGU) se manifestou pela inconstitucionalidade da lei que proíbe a pesca comercial por 5 anos em Mato Grosso, conhecida como “Transporte Zero”. Ela proíbe o transporte, armazenamento e venda de todo o pescado dos rios do estado por cinco anos, a partir de janeiro de 2024.

O projeto foi aprovado em segunda votação na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), no fim de junho e sancionada pelo governador Mauro Mendes (União) no mês seguinte.

O partido MDB ajuizou um documento de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), no Supremo Tribunal Federal (STF), e apontou prejuízo aos pescadores tradicionais.

De acordo com a ADI, a lei “usurpa a competência legislativa da União para editar normas gerais sobre pesca, bem como afronta o princípio da dignidade da pessoa humana, a democracia participativa, a liberdade do exercício profissional e o pleno exercício dos direitos culturais”, diz trecho do documento.

Na ação, o MDB diz que a lei contraria a legislação federal, que prevê a conciliação do equilíbrio dos recursos naturais com a obtenção dos melhores resultados econômicos e sociais. Existem cerca de 10 normas federais relacionadas à pesca, e isso garantiria que as atividades pesqueiras no estado fossem realizadas de maneira sustentável.

O argumento foi acatado pela AGU que entendeu que a lei não se preocupou com o modo de vida dos pescadores artesanais, criando restrições aos direitos básicos e afrontando o princípio da dignidade da pessoa humana. Isso porque, impede a prática profissional do sustento do pescador.

Na lei, o Governo alega a necessidade de garantir o estoque pesqueiro, já que a pesca estaria acabando com espécies nativas.

A ADI também alerta que a lei estadual foi promulgada sem consulta às comunidades interessadas, o que contraria a Organização Internacional do Trabalho e a democracia participativa. Além do racismo ambiental, “que ocorre quando as políticas ambientais e os projetos de desenvolvimento são implementados de forma a prejudicar as populações mais vulneráveis porque pune os pescadores profissionais”, diz trecho do documento.

Os advogados da AGU destacaram uma nota técnica que apontou que, quando entrar em vigor, a lei estadual afetaria o recebimento do benefício do seguro especial dos pescadores e pescadoras artesanais.

O argumento foi acatado pela AGU, que decidiu que a lei extrapola o caráter suplementar e viola as regras constitucionais de repartição de competência legislativa.

Votação

 

Assembleia discute projeto que pode proibir pesca comercial por cinco anos em MT — Foto: Assembleia MT

O projeto foi aprovado em primeira votação, no dia 2 de junho, na ALMT. Foram cinco votos contrários e oito a favor. Já no dia 28 do mesmo mês, a proposta passou pela segunda votação e foram 15 votos favoráveis e oito contrários.

A proposta conhecida como “transporte zero”, segundo o governo, pretende dobrar o turismo de pesca esportiva com previsão de atrair turistas e gerar empregos.

O transporte, armazenamento e comercialização do pescado ficará proibida a partir de 1º de janeiro de 2024 por um período de cinco anos, o que gerou indignação do segmento pesqueiro.

Durante esse tempo será permitida apenas a modalidade de pesque e solte, e a pesca de subsistência, conforme o projeto.

Segundo o governo, os pescadores artesanais receberão um auxílio financeiro por três anos, e o profissional receberá qualificação dentro de programas institucionais. O governo informou que a medida é necessária por causa da redução dos estoques pesqueiros, o que coloca em risco várias espécies nativas no estado.

O assunto causou polêmica entre os deputados e a classe dos pescadores. A proposta afeta, diretamente, ao menos 15 mil famílias de pescadores artesanais registrados no Ministério da Pesca, que se posicionou contrário ao texto.

Ministério da Pesca se posicionou contra

 

Ministério da Pesca se posiciona contra projeto de lei que proíbe pescaria comercial por 5 anos em MT — Foto: Assessoria

O Ministério da Pesca e Aquicultura se posicionou contra o projeto. De acordo com o Ministério, preterir a pesca artesanal em prol da pesca amadora e esportiva, como quer o governo estadual, é uma infração à Lei da Pesca.

A principal razão pela morte do pescado, conforme o governo federal, é a construção de barragens de usinas hidrelétricas ao longo dos rios, e não da atividade pesqueira.

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