Daniel Francisco Sales, de 67 anos, caiu de um precipício de uma altura de mais de 80 metros. Mesmo após dois anos do acidente, o caminhoneiro tenta reconstruir a vida. Durante o primeiro ano de recuperação, passou por 11 cirurgias, mas ainda não consegue voltar a trabalhar.
O caminhoneiro Daniel Francisco Sales, de 67 anos, está desempregado depois de cair de uma altura de mais de 80 metros, no Portão do Inferno, em Chapada dos Guimarães, a 65 km da capital. O acidente aconteceu em maio de 2022 e ele foi resgatado depois de quatro horas aguardando as equipes chegarem no local de difícil acesso.
Daniel Francisco sofreu múltiplas fraturas e foi retirado do barranco por um helicóptero.
O caminhoneiro teve várias sequelas devido a gravidade do acidente. Foram muitas cirurgias realizadas durante a recuperação. Só no primeiro ano, foram 11. No entanto, o pé de Daniel precisa de outros procedimentos, já que ele não consegue mais trabalhar.
“Não tenho condições de trabalhar. Hoje eu estou vivendo com ajuda de conhecidos. Meus amigos que estão ajudando a pagar uma água, uma luz, comprar uma comida. Quando falta remédio, eles que providenciam”, disse.
Com as sequelas, Daniel tenta se aposentar, mas até o momento, o processo não foi concluído. Segundo o caminhoneiro, ele contratou um advogado para entrar com o pedido da aposentadoria, mas faz dois anos que ele não tem uma resposta.
“Dois anos que eu dei entrada na aposentadoria, mas até hoje, nada. Sempre corri atrás dos meus objetivos, nunca esperei nada de ninguém, sempre correndo atrás para hoje estar dependendo dos outros, é muito difícil. A gente tenta ser forte, mas não tem como”, disse.
Quem sustentava a casa após o acidente era a esposa de Daniel, Vera Lúcia Ramalho, que o acompanhou desde o início da recuperação. Porém, ela morreu no final do ano passado, após começar a sentir dores no estômago.
Daniel contou que era uma segunda-feira, quando a esposa foi trabalhar normalmente. Voltando do serviço, Vera começou a sentir dores no estômago e o caminhoneiro pediu para um vizinho levá-la à uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), já que não conseguia andar.
Na UPA, fizeram diversos exames e a esposa foi encaminhada para o Pronto Socorro de Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, para fazer uma cirurgia. Após o procedimento, a mulher começou a passar mal e foi transferida para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Três dias após dar entrada na UTI, Vera morreu.
Atualmente, Daniel vive da ajuda de vizinhos e amigos, desde dinheiro para fazer compras e pagar contas, até carona para unidades de saúde. Para sobreviver, ele também está vendendo as ferramentas, que já não aguenta mais operar.
Relembre o caso
Uma câmera de monitoramento registrou o momento em que o caminhão perdeu o controle da direção e bateu no paredão de rochas, da MT-251, região do Portão do Inferno, em Chapada dos Guimarães, a 65 km de Cuiabá. Após a batida, ele escorregou para o lado e caiu no precipício.
O caminhão transportava galões de água, que caíram do veículo e se espalharam pela pista. Daniel Francisco foi resgatado com vida após quatro horas preso às ferragens.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, o penhasco onde o caminhão caiu é de difícil acesso e, por isso, os socorristas identificaram que a melhor forma de resgatá-lo seria através de um helicóptero.
O Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer) foi acionado para auxiliar na operação. Segundo os bombeiros, no momento do resgate, Daniel estava com a perna quebrada, porém consciente e conversando com a equipe.
Ele ficou internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Municipal de Cuiabá (HMC).
A esposa de Daniel viu o acidente pela televisão. Ela contou que ficou surpresa com as imagens e achou que o marido tivesse morrido na queda. “Achei que não tivesse se salvado”, disse.
Mesmo após a queda, Daniel relatou que não perdeu a consciência e conseguiu ouvir tudo o que se passou durante o resgate.
Acidente no mesmo local
Motorista foi resgatado com vida, depois de cair no Portão do Inferno
Após o acidente, a esposa de Daniel contou que ele já havia se acidentado no mesmo trecho há cerca de um mês antes da queda. De acordo com a mulher, o caminhoneiro levou um susto da primeira vez em que perdeu o controle do freio do veículo enquanto passava pelo Portão do Inferno.
“Há um mês aconteceu a mesma coisa e ele tentou equilibrar o caminhão. Ele me falou que viu a morte e já tinha passado por isso. Já é a segunda vez. Na primeira, ele foi descendo o barranco equilibrando o caminhão, que também tinha perdido o freio, e foi só um susto. Mas, agora, foi maior”, contou.