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Denúncia aponta que chapa de prefeito reeleito em MT comprou votos de eleitores indígenas com frangos, medicamentos e fraldas; MP pede cassação

O Ministério Público Eleitoral (MPE) pediu a cassação do prefeito reeleito de Brasnorte, a 580 km de Cuiabá, Edelo Marcelo Ferrari (União), por suspeita de compra de votos, transferência de domicílio eleitoral e influência no resultado das eleições municipais deste ano. A ação foi ajuizada pelo promotor Jacques de Barros Lopes, nessa terça-feira (17).

Nas redes sociais, o prefeito disse que ficou surpreso com a ação. “Passamos o caso para os nossos advogados que estão olhando o processo para quando formos citados, fazermos a nossa defesa. Estou de consciência tranquila e, como diz aquele ditado: quem não deve não teme”.

Prefeito de Brasnorte, Edelo Ferrari, afirma que Brasnorte é o futuro celeiro de Mato Grosso. — Foto: Prefeitura de Brasnorte - MT
Prefeito de Brasnorte, Edelo Ferrari, afirma que Brasnorte é o futuro celeiro de Mato Grosso. — Foto: Prefeitura de Brasnorte – MT

A ação é movida contra a chapa de Edelo Ferrari, que também é composta pela vice-prefeita Roseli Borges de Araújo Gonçalves e pelo vereador Gilmar Celso Gonçalves, conhecido como “Gilmar da Obras”. Outras quatro pessoas também estariam envolvidas e foram citadas na ação.

Segundo o MPE, a chapa teria oferecido dinheiro, medicamentos, fraldas descartáveis e até frangos congelados para obter votos, especialmente entre os indígenas da etnia Enawene Nawe. A chapa também transportou os indígenas até as urnas.

“O transporte custou R$ 17 mil sendo combinado inicialmente para ser realizado da aldeia até a Ponte do Rio Juruena, na MT-170. Posteriormente, foi solicitado o acréscimo do trajeto até o Posto Paineiras, que fica ao lado da Escola Cerejal, que é um dos locais de votação da zona rural de Bransorte”, diz trecho da ação.

A denúncia também revelou que o vereador e o prefeito eleito pediram para que os indígenas não falassem sobre o assunto, além de R$ 20 mil para serem divididos entre os eleitores da etnia no dia da votação.

Em novembro, dois servidores públicos da prefeitura do município foram alvos de uma operação da Polícia Federal que investiga o esquema de aliciamento de eleitores indígenas da etnia Enawene Nawe. Os alvos estariam envolvidos no fretamento de dois ônibus para transportar eleitores indígenas ao município durante o período eleitoral. Segundo a PF, os votos arrecadados seriam para o prefeito do município, reeleito com 4.634 dos votos válidos.

Os indígenas teriam sido influenciados a transferirem os títulos eleitorais para Brasnorte, mesmo morando em territórios de outros municípios, como Juína, Comodoro e Sapezal. Ainda de acordo com a ação, os votos foram determinantes para o resultado da eleição, já que o número de eleitores transferidos (107) era significativo.

Na véspera da eleição, dois ônibus enviados à aldeia indígena para transportar eleitores foram interrompidos pelo Exército Brasileiro após denúncias de irregularidades. Mesmo com a proibição, os indígenas compareceram às urnas utilizando os próprios veículos, abastecidos com combustível pago por aliados da chapa.

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