Juliana Valdivino da Silva, de 18 anos, foi atacada por Djavanderson Oliveira de Araújo, de 20 anos, na casa dele no município de Paranatinga. Ela passou 16 dias internada em Cuiabá, onde faleceu. Já o suspeito do crime segue internado, acompanhado por policiais.
“Tenho brigado muito por justiça, tenho perturbado mesmo o delegado.”
Este é o relato de uma mãe enlutada, que concilia, há um mês, a dor da perda da filha mais nova e a luta por justiça. Isto porque na última sexta-feira (25), a morte de Juliana Valdivino da Silva, de 18 anos, completou trinta dias.
Ela morreu no Hospital Municipal de Cuiabá, onde passou 16 dias internada, após ser atacada pelo ex-namorado, Djavanderson Oliveira de Araújo, de 20 anos, na casa dele no município de Paranatinga, no interior do estado. Juliana queria terminar o relacionamento e disse à mãe, Rosicléia Magalhães, que iria pedir uma medida protetiva porque estava com medo dele.
“Tem sido difícil, porque eu já tive duas perdas, do meu pai e do meu irmão. Hoje, a minha filha faz um mês que faleceu, e ontem [quinta, 24], meu irmão fez dez meses que faleceu. Então, uma coisa vai levando a outra, e o sofrimento é grande. Como minha filha [mais velha] mora fora da cidade, então a gente fica tendo aquele contato o tempo todo, porque ela também tem sofrido muito, tem crise de ansiedade”, relata Rosicléia.
A mãe conta que tem tentado acompanhar o andamento do caso na Justiça, mas o processo foi colocado em sigilo e ela não teve mais acesso à movimentação. Ainda segundo Rosicléia, o rapaz segue internado, e, mesmo acompanhado por policiais, faz uso de aparelhos eletrônicos e até enviou uma solicitação de amizade para um parente de Juliana.
A reportagem tentou contato com a Polícia Civil do Mato Grosso, e não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
“Ele continuou no hospital, acompanhado da polícia penal. Eu tive informação essa semana, porque eu conheci um pessoal lá. O que me deixou indignada é ele ter acesso a telefone, porque me falaram que ele tava com um tablet na mão, e como prova disso, ele usa o perfil da foto dele como casal com a minha filha, e mandou solicitação de amizade pra uma pessoa da nossa família. E eu fiquei indignada com isso, liguei pro delegado, falei com ele, disse, ‘não, eu vou averiguar’. Até hoje ele não me deu resposta, e ele [Djavanderson] continua com o tablet. Porque se ele tava preso, não era pra estar [com o aparelho]. E eu fiquei muito chateada, eu até passei mal também, pela questão de ele querer entrar em contato com a família”, conta.
Desejo de justiça
Rosicléia diz que continua indo ao cemitério onde Juliana foi sepultada, e que pretende ir no dia de finados, como forma de homenagem à filha.
Agora, enquanto espera pela devida punição para o caso, ela diz que não quer que o caso seja esquecido. O objetivo da mãe é que casos de feminicídio no país sejam discutidos e, assim, combatidos. Além disso, ela fala que, mesmo que o caso corra na Justiça do Mato Grosso, pretende viajar para acompanhar um possível julgamento pessoalmente.
“É uma coisa muito grave. É um dos crimes que tem acontecido no Brasil muito grave. E eu não quero que aconteça com outras pessoas, por mais que aconteça, a gente trabalha pra que não aconteça, a gente luta. E eu quero que esse caso da Juliana seja divulgado sempre que puder, pra que não seja esquecido. Eu quero estar lá no dia do julgamento, presente, se Deus quiser”, finaliza.