O governador Mauro Mendes disse nesta quinta-feira (24) estar preocupado com a situação do Portão do Inferno, na MT-251, que liga Cuiabá a Chapada dos Guimarães. Após analisar fotos do local, ele afirmou ter ficado assustado e temendo o colapso da formação rochosa.
“Aquele morro vai colapsar mais cedo ou mais tarde. Se as pessoas querem pagar para ver, ok. Eu vi há poucos dias imagens lá que me deixaram assustado, tecnicamente assustado com as condições que nós temos ali”, disse.
“Em algum momento, e ninguém controla esse momento, vai ser algo que em menos de dois segundos dará uma catástrofe ali, que pode fazer perder aquela ligação”, completou.
O governador deu a declaração enquanto comentava as ações contra as obras no local, como o abaixo-assinado de moradores e comerciantes. Também há na Justiça uma ação dos ministérios públicos Estadual e Federal questionando o licenciamento.
Chamada de retaludamento, a obra pretende resolver o problema dos deslizamentos no trecho da rodovia. O projeto propõe “cortar” o morro e fazer o recuo da pista, deixando mais longe do precipício.
O abaixo-assinado já conta com mais de 17 mil assinaturas e tem o apoio de geólogos e arqueólogos, além de entidades sociais.
“Existe uma decisão tomada. Se houver fatos novos e relevantes para isso [paralisação das obras], ok. O governo não está implorando para fazer aquela obra. Eu tenho centenas de obras que eu posso fazer no Estado inteiro”.
“Se a população não quer, o MP não quer, a Justiça não deixar, tudo bem. Vivemos numa democracia e eu vou pegar esse mesmo recurso e vou aplicar em centenas de outros locais que também querem obra”, completou.
Licenciamentos ambientais
Citando uma obra em uma outra rodovia no Estado, Mendes defendeu a extinção do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que segundo ele, vem sendo ineficiente há anos.
“Temos que reconhecer que o Ibama não tem sido, ao longo de décadas, um órgão eficiente nesse país. Eu já disse e volto a repetir: na minha opinião, tinha que extinguir o Ibama e fazer todos os licenciamentos ambientais pelos estados brasileiros”, defendeu.
As obras de retaludamento no paredão do Portão do Inferno enfrentaram diversas burocracias do Ibama antes de seu início. O projeto foi apresentado em março e somente no dia 28 de junho o Instituto emitiu a licença.
A Sinfra (Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística de Mato Grosso) ainda teve de cumprir uma série de condicionantes exigidas pelo Ibama e pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).
As obras começaram oficialmente somente na última semana do mês de agosto.