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Mulher que perdeu marido e filha em chacina de Sinop relembra assassinatos em depoimento: ‘não morri porque a bala acabou’

Começou, às 8h40 desta terça-feira (15), o júri do réu Edgar Ricardo de Oliveira, um dos autores da chacina que matou sete pessoas em um bar de Sinop, a 503 km de Cuiabá. A primeira a prestar depoimento foi a mãe e esposa das vítimas Larissa, de 12 anos, e Getúlio Rodrigues Frasão Júnior, de 36 anos, que narrou a sequência dos fatos e se emocionou.

Ao relembrar o caso, Raquel afirmou que pensou que ela também iria morrer e que imaginou que a filho tinha se salvado, já que a adolescente conseguiu correr do bar, mas foi atingida por um tiro nas costas.

VIDEO:

“Ele [Edgar] disparou, mas a arma estava descarregada’…eu só não morri porque a bala acabou”, relembra.

Raquel ainda lembra que pediu para que a filha não corresse, mas que Larissa passou correndo por ela e disse que “não poderia ficar ali”.

O depoimento de Raquel reforçou a tese de que não houve deboche em nenhum momento, por parte das vítimas e atiradores, ao ser questionada pelo promotor de Justiça (acusação). Já o Defensor Público responsável pela defesa de Edgar questionou a testemunha sobre a localização em que ela estava sentada e se “o som da tv estava alto”.

A senhora conseguia ouvir o que os jogadores diziam? – Não tava prestando atenção”,

 

Raquel também não soube dizer se existia conflitos anteriores entre as pessoas que estavam no bar.

Julgamento

 

Edgar Ricardo de Oliveira, um dos autores da chacina que matou sete pessoas em Sinop será julgado nesta terça-feira (15) — Foto: Reprodução/Rede social
Edgar Ricardo de Oliveira, um dos autores da chacina que matou sete pessoas em Sinop será julgado nesta terça-feira (15) — Foto: Reprodução/Rede social

O investigador da defesa civil, Wilson Candido de Souza, também prestou depoimento sobre as investigações. Ele conta que em 24 anos de profissão, nunca viu tanta frieza em um crime.

“É frieza…matou fumando cigarro sem compaixão”, relembra.

 

O investigador também reforçou que o motivo da execução foi “prejuízo material do jogo”. Interrogado pelo defensor na viatura, Edgar informalmente disse que não tinha intenção de matar a menina, o defensor consegue extrair da testemunha de que a menina teria sido atingida por “balins” pequenas esferas do cartucho de calibre 12 que se espalham.

Edgar Ricardo de Oliveira e Ezequias Souza Ribeiro executaram as vítimas após uma partida de sinuca, em fevereiro de 2023. Ezequias morreu um dia depois do crime, durante confronto com a Polícia Militar.

O Tribunal do Júri é presidido pela juíza Rosângela Zacarkim dos Santos, da 1ª Vara Criminal da Comarca. Ela chamou 25 jurados titulares convocados, e sete jurados julgam o caso.

Edgar foi denunciado pelo Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) e responde por sete homicídios qualificados, incluindo da adolescente, furto e roubo mediante ameaça grave. De acordo com o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), ele participará do julgamento por videoconferência e não há previsão para a duração, podendo se estender até a madrugada desta quarta-feira (16).

O réu está preso preventivamente na Penitenciária Central de Mato Grosso (PCE), na capital, e conforme o TJMT, ele afirmou não ter interesse em participar de maneira presencial. Já a defesa, patrocinada pela Defensoria Pública Estadual, estará no plenário do júri. Edgar terá acesso à entrevista particular com o defensor, antes e durante o julgamento.

Esta é a terceira data marcada para o julgamento. A princípio, o júri havia sido definido pela primeira vez para o dia 18 de junho deste ano, mas a Justiça de Mato Grosso acatou o pedido da Defensoria Pública e remarcou para 5 de novembro, devido a saída do advogado Marcos Vinicius Borges do caso.

O promotor de Justiça, que atua no caso, informou ao juízo que estará de férias entre 29 de outubro à 22 de novembro. A juíza destacou a impossibilidade de designação de um promotor substituto e antecipou o julgamento para esta terça-feira.

Relembre o caso

Um vídeo registrado por um câmera de segurança do bar mostra o momento em que Edgar Ricardo de Oliveira e Ezequias Souza Ribeiro mataram sete pessoas, incluindo uma adolescente, após jogo de sinuca, no dia 21 de fevereiro de 2023.

De acordo com a Polícia Militar, os autores do crime perderam a partida, foram buscar mais dinheiro, voltaram ao bar e perderam novamente. Depois de serem alvo de piadas das pessoas que participavam do jogo, foram até o carro e pegaram duas armas.

Os atiradores pedem para que as algumas das vítimas fiquem de costas, viradas para a parede. Um deles pega uma espingarda calibre 12 mm na caminhonete e chega atirando. Algumas vítimas tentam correr, mas são atingidas já fora do bar por tiros de espingarda.

Após a execução, os homens pegam o dinheiro que está em uma das mesas de sinuca e outros objetos e fogem em uma caminhonete que estava estacionada em frente do bar.

As vítimas foram identificadas como:

  • Maciel Bruno de Andrade Costa, de 35 anos;
  • Orisberto Pereira Sousa, de 38 anos;
  • Elizeu Santos da Silva, de 47 anos;
  • Josué Ramos Tenório, de 48 anos;
  • Adriano Balbinote, de 46 anos;
  • Getúlio Rodrigues Frasão Júnior, de 36 anos;
  • Larissa Frasão de Almeida, de apenas 12 anos, filha de Getúlio.

 

Vítimas foram mortas em um bar em Sinop por dois homens que não aceitaram perder um jogo de sinuca. — Foto: Reprodução
Vítimas foram mortas em um bar em Sinop por dois homens que não aceitaram perder um jogo de sinuca. — Foto: Reprodução

Dois dias após o crime, Edgar se entregou à polícia depois de saber da morte de Ezequias, durante um confronto, que aconteceu em uma área de mata, próxima ao aeroporto de Sinop.

O suspeito foi atingido e chegou a ser encaminhado ao Hospital Regional do município, mas não resistiu aos ferimentos.

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