O trecho de Cáceres chegou a 71 centímetros, enquanto a mínima histórica era de 80 centímetros.
O Rio Paraguai atingiu o menor nível já registrado desde que o sistema de monitoramento é realizado, há 59 anos. De acordo com o boletim de monitoramento do Serviço Geológico do Brasil (SGB), divulgado nesta semana, Cáceres, a 220 km de Cuiabá, atingiu o nível de 71 centímetros. A mínima histórica já registrada no mesmo período era de 80 centímetros.
Além disso, o trecho do rio em Barra do Bugres, a 169 km da capital, se encontra com 43 centímetros, o nível mais baixo da série histórica para este período do ano. A cota mínima já observada no município foi de 6 centímetros, em setembro de 2020.
Segundo o biólogo e gerente de educação e controle ambiental de Cáceres, Glauber Figueiredo, a situação é alarmante.
“Nosso lençol freático secou em vários pontos da cidade e a população segue sofrendo com o desabastecimento”, relatou.
Em 2023, a Prefeitura de Cáceres decretou situação de emergência hídrica, quando o Rio Paraguai registrou nível de 75 centímetros. O documento determinou a proibição de troca da água de piscinas, lavagem de fachadas, calçadas, pisos, muros e veículos com o uso de mangueiras, utilização de lava jatos de uso doméstico, até que se reestabeleça a normalidade de abastecimento de água.
O coordenador de meio ambiente de Cáceres, Dario Diego Senn, explicou que são várias causas difíceis de combater.
“A maior causa é a ação humana modificando todo o sistema. Tivemos pequenos avanços, montamos um comitê na cidade onde é debatido focos de incêndio, nível do rio, criamos brigada para combater o fogo, caminhão pipa para abastecer as casas, ações para restauração florestal e das margens dos rios, estamos atendendo a demanda da população, mas o problema é muito maior”, enfatizou.
Em agosto de 2021, o trecho do rio em Cáceres atingiu 54 centímetros, quando o esperado era 1,73 metro. De acordo com o Glauber, a previsão para o mesmo período deste ano é ainda pior. “A possibilidade de chuva para os meses seguintes é muito baixa. A previsão aponta que, em agosto deste ano, o nível do rio pode chegar entre 40 e 30 centímetros“.
Alerta
Em nota, a Marinha do Brasil alerta para os cuidados com as navegações de cargas pela hidrovia do Paraguai e disse que zela pela prevenção da poluição hídrica causada por embarcações, segurança da navegação devido o baixo nível dos rios e tem tomado medidas como navegar apenas em áreas de profundidade compatível com o comprimento do casco e uso de cartas náuticas atualizadas.
A Capitania Fluvial de Mato Grosso recomenda que se evite navegar à noite nos trechos críticos e que os comandantes das embarcações e suas tripulações redobrem a atenção ao navegar e destaca que as agências subordinadas autorizam a partida das embarcações comerciais, desde que os requisitos de segurança sejam cumpridos.
Rio Paraguai
Com uma extensão total de 2.621 km, o Rio Paraguai nasce na Chapada dos Parecis, segue na direção sul e percorre o limite entre os biomas da Amazônia e do Cerrado, adentrando no Pantanal, na região de Cáceres, até o Paraguai.
É o principal canal de drenagem da Bacia do Alto Paraguai (BAP), 1.693 km se dão na Região Hidrográfica Paraguai, desde sua nascente até a foz do Rio Apa.