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Com explosão de focos de incêndio no Pantanal, País lidera queimadas na América do Sul, aponta Inpe

O Brasil lidera o número de focos de incêndio entre os países da América do Sul, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A explosão dos incêndios no Pantanal levou à liderança do país no ranking de queimadas, neste mês de junho.

Os dados são do Programa de BDQueimadas, do Inpe. Veja o ranking de focos de incêndios entre os dias 1º e 19 de junho entre os países da América do Sul:

  1. Brasil: 7214 focos;
  2. Paraguai: 2334 focos;
  3. Bolívia: 1935 focos;
  4. Argentina: 1446 focos;
  5. Peru: 335 focos.

 

Do dia 1º a 19 de junho deste ano, os focos de incêndio cresceram 2951% no Pantanal, se comparados com o mesmo período de 2023. Entre os biomas brasileiros, o Pantanal é o que teve maior crescimento percentual de queimadas em junho deste ano. Veja o gráfico abaixo:

Em segundo lugar no crescimento do número de focos de queimadas, a Amazônia aparece com 93% de incremento no quantitativo de queimadas. Os outros biomas apresentaram os seguintes percentuais:

  • Pantanal: 2951%;
  • Pampa: – 45%;
  • Mata Atlântica: 93%;
  • Cerrado: 23%;
  • Caatinga: 38%;
  • Amazônia: 11%.

Especialistas explicam que o aumento exponencial dos focos de incêndio no Pantanal ainda em junho é causado pela antecipação da temporada do fogo, que chegaria só entre o fim de julho e agosto. Nessa terça (18), uma ponte na Estrada Parque foi destruída pelas chamas.

“Pela primeira vez estamos com o Pantanal completamente seco no primeiro semestre. O Ibama já contratou mais de 2 mil brigadistas para atuar em todo o país, com foco inicial no Pantanal e na Amazônia, e vamos fazer tudo o que for necessário. As crises climáticas são eventos cada vez mais extremos”, afirmou o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, em nota.

No bioma presente em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, as chamas são esperadas anualmente. Entretanto, os eventos climáticos adversos, a seca severa e a estiagem expuseram a planície ao fogo mais cedo em 2024.

Fogo se espalha pelo Pantanal - foto: 07/06/2024. — Foto: Guilherme Giovanni /Arquivo Pessoal
Fogo se espalha pelo Pantanal – foto: 07/06/2024. — Foto: Guilherme Giovanni /Arquivo Pessoal

O especialista em conservação da WWF-Brasil, Osvaldo Barassi Gajardo, lembra que 2024 começou de forma atípica. Em janeiro, a região da Serra do Amolar – santuário da biodiversidade no Pantanal – já enfrentava o fogo.

Para o especialista da WWF-Brasil, os fenômenos climáticos como El Niño e La Niña contribuíram negativamente para a ampliação do período de seca, que consequentemente maximiza a temporada de queimadas no Pantanal.

“Estamos numa situação de mudanças climáticas, demonstrando alterações nos ciclos, no clima. Em terrenos mais secos, os efeitos do El Niño trazem impactos de baixa nas chuvas, no regime de chuva, baixa nos rios, e começa até um cenário que prevê uma sequência. Então, este ano, já no início, já começávamos pensando e falando que o Pantanal ia vivenciar uma situação complexa”.

 

Aumento das queimadas e seca extrema

 

Focos de incêndio saltaram 1000% no Pantanal em 2024, se comparado o mesmo período de 2023. Foto: 14/06/2024. — Foto: Gustavo Figueirôa/Arquivo Pessoal
Focos de incêndio saltaram 1000% no Pantanal em 2024, se comparado o mesmo período de 2023. Foto: 14/06/2024. — Foto: Gustavo Figueirôa/Arquivo Pessoal

Levantamento realizado pelo MapBiomas Fogo mostrou que 1 a cada 4 hectares de terra pegou fogo no Brasil nos últimos 40 anos. Corumbá (MS), a capital do Pantanal, foi a cidade que mais sofreu com as chamas na série histórica.

O Pantanal foi o bioma que mais queimou de modo proporcional à sua área nos últimos 40 anos, com 9 milhões de hectares. Embora sejam apenas 4,5% do total nacional, o valor representa 59,2% de todo o bioma.

Para especialistas, a escalada do fogo em 2024 caminha para um cenário semelhante ao de 2020, até então o pior ano para o Pantanal desde o fim da década de 1990. O representante da ONG SOS Pantanal, o biólogo Gustavo Figueirôa, vê com muita preocupação o aumento das chamas e o início de um período mais seco no bioma.

“Vemos estes incêndios se alastrando de forma muito rápida, ganhando uma força grande e a tendência é só piorar daqui para frente. Acho que esse é o sinal para que os órgãos públicos ajam em conjunto, cooperem para atuar quanto antes, não esperar a situação sair completamente fora de controle para tentarem atacar só na remediação”, pontua Figueirôa.

O Pantanal já registrou o maior número de focos de incêndios para um mês de junho de toda a série histórica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), iniciada em 1998. Dados atualizados mostram quem mais de 500 mil hectares já foram consumidos pelo fogo neste ano.

Outra preocupação é com a seca na região. Em Corumbá, uma das principais cidades do Pantanal sul-mato-grossense, praticamente não chove há mais de 50 dias, de acordo com meteorologistas da região. Com os incêndios florestais e a baixa umidade do ar, uma densa fumaça se concentra sobre a cidade.

Segundo levantamentos do Serviço Geológico do Brasil (SGB), o baixo nível do rio Paraguai, principal bacia do pantanal, já é recorde. Último levantamento mostrou que a régua em Ladário (MS), está 3,10 metros abaixo da média para o mês de junho.

Para o pesquisador responsável pelo boletim técnico do SGB, Marcus Suassuna, a seca no rio Paraguai é resultado da seguinte combinação: prolongamento do tempo seco em 2023 + baixas chuvas em 2024 + efeitos práticos do fenômeno El Niño.

“No começo deste ano, os níveis estavam muito baixos e a estação chuvosa foi toda muito fraca. A situação pode ficar mais grave entre setembro e outubro”, disse.

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