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Advogado e dois homens são alvos de operação suspeitos de ordenar morte de jovens confundidos com integrantes de facção em MT | Mato Grosso

Um advogado e dois homens foram alvos da Operação Veredicto deflagrada, na manhã desta terça-feira (19). Os investigados tiveram os mandados de prisão cumpridos por suspeita de ordenar a morte dos jovens Riquelme Souza Félix, de 22 anos, e Joel Pereira da Silva, de 26 anos, em abril de 2022. De acordo com a Polícia Civil, as vítimas foram confundidas com integrantes de uma facção criminosa. Os investigados já estavam presos em Sinop, a 503 km de Cuiabá.

Dois criminosos já foram condenados pela morte dos jovens. Conforme denúncia do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), as provas apresentadas revelaram que houve um “tribunal do crime” por acreditarem que as vítimas eram de uma facção rival. O advogado também é alvo da Operação Gravatas por repassar dados a chefes de organizações criminosas.

De acordo com a Polícia Civil, o advogado é apontado como líder do esquema e já estava preso no batalhão da Força Tática da Polícia Militar. Os outros suspeitos também já estão presos em uma penitenciária do estado.

A investigação realizada pela unidade policial apontou que os líderes são os autores intelectuais da morte dos jovens.

Investigação

 

De acordo com as investigações, as vítimas foram sequestradas e, posteriormente, amarradas em um local de mata próximo à Itanhangá, a 447 km de Cuiabá. No local, os executores realizaram uma vídeo chamada com os líderes da facção para decidirem sobre a morte dos jovens.

Neste período, uma das lideranças solicitou ajuda do advogado para fazer um levantamento de informações sobre as passagens criminais das vítimas nos estados de Pernambuco e São Paulo.

O advogado teria enviado prints das consultas feitas nos tribunais mesmo sabendo que as vítimas estavam amarradas e com os criminosos.

Logo depois, as vítimas, ainda com vida, foram submetidas a uma sessão de tortura e receberam diversos golpes de faca. De acordo com a polícia, os executores gravaram o crime e enviaram para os líderes.

A investigação apontou que os líderes determinaram a decapitação das vítimas e que o advogado auxiliou no veredito com informações que determinaram a morte dos jovens.

Entenda o caso

 

Riquelme e Joel foram mortos em um local de mata entre as cidades de Tapurah e Itanhangá. Quando o crime foi registrado, cinco pessoas foram presas e dois adolescentes foram apreendidos por suspeita de participação no crime.

Segundo o delegado responsável pelo caso, Guilherme Pompeo Pimenta Negri, foi confirmado que as vítimas não tinham envolvimento com grupos criminosos. “Tudo que investigamos encaminhamos para o fórum em relatório policial. Todos os executores estão presos e pela nossa investigação, as vítimas não eram integrantes de outra facção”, explicou ao g1.

No mês seguinte ao crime, a Delegacia de Tapurah prendeu um dos envolvidos no crime e cumpriu outros cinco mandados de busca e apreensão em endereços dos alvos investigados pelo duplo homicídio.

A Polícia Civil iniciou as investigações no dia 29 de abril de 2022, quando colegas de trabalho das vítimas deram queixa de desaparecimento após eles não aparecerem na empresa de construção civil onde trabalhavam. No dia 6 de maio, a delegacia recebeu a informação de que havia dois corpos em uma área de mata. Os corpos estavam decapitados, já em decomposição e com mãos e pés amarrados.

Alvo de outra operação

 

Ação apreendeu cerca de R$ 100 mil na casa de uma advogada, segundo a polícia — Foto: Polícia Civil
Ação apreendeu cerca de R$ 100 mil na casa de uma advogada, segundo a polícia — Foto: Polícia Civil

A Polícia Civil cumpriu 16 mandados de prisão e busca e apreensão contra quatro advogados e um policial militar, suspeitos de repassar dados a chefes de organizações criminosas. Três presidiários que integravam o grupo criminoso também foram alvos da Operação Gravatas, realizada em Sinop e Cuiabá, neste mês.

Segundo a polícia, durante as investigações, a equipe descobriu que o policial enviou ilegalmente dezenas de boletins de ocorrência para os advogados, que, em seguida, foram entregues a chefes da facção criminosa que estão presos, para eles conseguirem informações sobre a atuação policial em tempo real.

Ação foi realizada em Sinop e Cuiabá — Foto: Polícia Civil
Ação foi realizada em Sinop e Cuiabá — Foto: Polícia Civil

Ainda de acordo com a investigação, os advogados também são suspeitos de intermediar a comunicação com os chefes da organização que estão presos, com outros integrantes soltos.

As equipes também fizeram o levantamento do número de pessoas que a banca de advogados defendeu nos últimos dois anos, sendo que um dos advogados representou 205 clientes, dos quais 168 eram ligados a uma facção criminosa envolvida em tráfico de drogas, roubos e homicídios.

De acordo com a polícia, os líderes da facção criminosa se associaram aos quatro advogados, que representavam o braço jurídico do grupo, com divisão de tarefas a fim de obterem vantagem financeira e jurídica, com a prática de crimes, como o tráfico de drogas, associação ao tráfico, tortura e lavagem de capitais.

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