Ao g1, o marido da vítima disse que não acha justo o delegado não ser punido também por “invasão de domicílio.
A Polícia Civil concluiu o inquérito instaurado na Corregedoria Geral e indiciou o delegado Bruno França Ferreira de Sorriso, no norte do estado, por ameaça e abuso de autoridade durante uma abordagem realizada em um condomínio de luxo de Cuiabá, em novembro de 2022.
“O inquérito policial foi relatado no dia 26 de dezembro com o indiciamento do delegado pelo crime de constranger o preso, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência – previsto no artigo 13 da Lei de Abuso de Autoridade, praticado contra a dona da residência e injúria, praticado contra o advogado de defesa dela”, informou PJC.
O delegado disse que a decisão foi justa, mas que também mostra que não houve invasão a domicílio.
“Achei justo o indiciamento, sinceramente, eu realmente excedi na verbalização, não deveria ter feito isso. Fiquei muito satisfeito, pois o inquérito esclareceu a história da defesa dela [empresária] de que era uma briga de criança, de que eu tinha invadido a casa […] mas ficou provado que a porta estava aberta, que na verdade ela estava em flagrante junto com o marido. Desejo agora que ela siga a vida dela pagando pelos erros dela e eu vou seguir a minha pagando pelo meu”, disse.
A entrada na casa da empresária foi registrada por uma câmera de segurança. As imagens mostram que, ao entrar no local, o delegado diz que vai “estourar a cabeça dela”.
O inquérito aponta que a empresária praticou stalking em desfavor ao filho do delegado, desde fevereiro de 2022.
“Preliminarmente, é preciso esclarecer que não houve o crime de violação de domicílio, pois como dos autos consta, a sra. praticou, reiteradas vezes, o delito de stalking em desfavor do adolescente […], estando portanto no dia dos fatos em flagrante delito”, diz trecho do documento.
O marido da empresária, Camilo Veloso Nunes disse que a decisão de não indiciar o delegado por invasão a domicílio é absurdo. Segundo ele, a família precisou mudar de estado para se sentir segura.
“Não tem o mínimo de cabimento esse questionamento de perseguição, sendo que a gente muda de condomínio e o menino vai para o nosso condomínio[…] A porta não estava aberta. É uma mentira, tem vídeos que mostram isso, que nas primeiras batidas da porta, não abre e só abre na hora que ele dá um chute. A gente pediu tortura psicológica, porque o cara fica lá de 15 a 20 minutos dentro da minha casa entrando e saindo”, pontuou.
O inquérito policial está sob sigilo, uma vez que foram juntadas documentações referentes a uma investigação que estava em trâmite na Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica), pois envolve menores.
Agora, o caso segue para o Ministério Público.