O resultado deve ser divulgado em até um mês. Investigação procura esclarecer se os insetos apresentam algum indício de danos provocados por intoxicação, possível infecção por bactérias, fungos ou vírus.
O Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT) abriu uma investigação nesta sexta-feira (1°) para identificar a causa da morte de milhares de abelhas em Sinop e Guarantã do Norte, a 503 km e 721 km de Cuiabá, respectivamente. O resultado deve ser divulgado em até um mês.
Dois servidores do Indea-MT foram até uma propriedade rural onde foram registradas as mortes para coletar amostras de oito caixas de colmeia, insetos mortos e observar o comportamento das abelhas doentes.
De acordo com a médica veterinária e uma das responsáveis pelo ‘Programa de Sanidade Apícola do Indea’, Érika Gleice Menezes Nascimento, a investigação no local procurou esclarecer se os insetos apresentam algum indício de danos provocados por intoxicação, possível infecção por bactérias, fungos ou vírus.
O material coletado será enviado ao Instituto Biológico, um centro de pesquisa do governo de São Paulo, referência nacional na área de pesquisa agrícola.
Já neste sábado (2), uma equipe se deslocou até Guarantã do Norte, onde um novo caso de mortandade de abelhas também foi registrado.Outros casos
Em junho deste ano, o Indea-MT abri uma investigação para apurar a morte de abelhas em Sorriso e também em Sinop, a 420 e 503 km de Cuiabá, respectivamente. As amostras foram coletadas nos locais durante sete dias e, para acelerar a análise, foram enviadas em aeronaves aos laboratórios.
O material coletado também foi enviado ao Instituto Biológico. Em Sorriso, a morte dos insetos foi detectada em um raio entre 15 e 20 km. As espécies de abelhas atingidas foram as abelhas nativas sem ferrão e as africanas, segundo o Indea.
Após o resultado das análises serem divulgadas, o dono de uma propriedade que cultiva algodão em Sorriso, foi multado em R$ 225 mil, após uso indevido de agrotóxicos causar a morte de 100 milhões de abelhas. As investigações feitas pelo Indea constataram a presença do princípio ativo fipronil.
As espécies atingidas são ameaçadas de extinção e ao menos 600 colmeias ficaram intoxicadas. O órgão informou que em todas as amostras colhidas foi detectada a presença do ativo que é extremamente tóxico às abelhas. O fipronil é usado no controle de pragas em diversas culturas como algodão, soja, arroz, batata, entre outras.
A fiscalização passou por 22 propriedades e descobriu que em uma delas, que cultiva algodão, o agrotóxico foi usado de forma irregular, no dia anterior às mortes dos insetos.
Outro caso ocorreu em maio deste ano, quando ao menos um milhão de abelhas foram encontradas mortas em três propriedades rurais, em Brasnorte, a 580 km de Cuiabá. Além de causas sanitárias, o Indea suspeitava que a morte dos insetos poderia ter sido causada pelo uso de agrotóxicos nas áreas próximas às colmeias.
Três servidores do Indea percorreram as áreas durante o fim de semana e se depararam com as perdas em massa dos animais. Segundo o instituto, a morte das abelhas foi detectada em 33 colmeias e as mais atingidas foram as operárias.
Na região, os servidores do instituto observaram o perímetro das mortes das abelhas, se havia a presença de parasitas ou insetos com dificuldade de se movimentar, além de investigar qual fase da vida desses animais era a mais afetada.
O material recolhido no local foi enviado ao laboratório do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e ao Instituto Biológico de São Paulo.