Os criadores precisam vacinar bezerras de três a oito meses até o fim do ano. Manter a sanidade animal é importante para a saúde deles, dos humanos e para a manutenção de mercados
A vacinação contra a brucelose é obrigatória em Mato Grosso. A doença atinge bovinos, além de ser transmissível ao homem. A vaca infectada pode ter aborto do feto e retenção da placenta após o parto, já o touro pode sofrer inflamação nos testículos e ficar estéril. Em ambos os sexos, pode causar inflamação das articulações.
A doença pode atingir seres humanos durante o manejo, pelo contato direto com o animal infectado ou pelo consumo de alimentos lácteos não pasteurizados. Os sintomas são febres, sudorese, dor de cabeça, dores musculares, dores articulares, cansaço, perda de peso, náuseas e vômito, mal-estar, calafrios, entre outros.
Para evitar a disseminação da bactéria, é preciso vacinar bezerras de três a oito meses. Em dose única, utilizando vacina B19 ou RB51. Neste ano a imunização dos animais precisa ser feita até o dia 31 de dezembro e a comunicação ao Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) deve ser realizada até o dia três de janeiro de 2024. O produtor rural do estado que descumprir a medida sanitária pode pagar multa de uma Unidade Padrão Fiscal (UPF/MT), por animal, de R$ 230,98.
A medida para controlar a doença no país começou em 2001. Além da vacinação das fêmeas de bovinos e búfalos, os pecuaristas que comprovarem a doença em algum animal, deve abatê-lo. O controle sanitário é necessário para garantir que a atividade cresça com segurança, sem riscos para o rebanho, para quem maneja e para quem consome a carne e o leite da espécie. “O Plano de Erradicação da Febre Aftosa, por exemplo, só foi possível avançar para a suspensão da vacinação porque os produtores, por décadas, compraram, transportaram, conservaram e aplicaram a vacina e comunicaram o órgão de defesa estadual. Graças a essas ações o estado de Mato Grosso não registra um único foco desde janeiro de 1996. A vacinação contra brucelose, que segue a mesma linha de participação, teve a sua prevalência diminuída pela metade e continuamos avançando”, explica Francisco Manzi, diretor técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat).
O trabalho de controle no estado, feito pelo Indea, conta com apoio do Fesa-MT (Fundo Emergencial de Saúde Animal). O órgão é formado por Acrimat, Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso), Ovinomat (Associação Mato-grossense dos Criadores de Ovinos e Caprinos) e Sindifrigo (Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Estado de Mato Grosso). Parte do dinheiro que os produtores recebem com suas atividades, é encaminhada para o fundo, com o objetivo de investir na sanidade da agropecuária. “Os investimentos são todos relacionados às ações de controle sanitário de rebanhos, doenças exóticas e toda e qualquer enfermidade que possa acometer o rebanho, direta ou indiretamente. Educação sanitária sobre as causas, danos e riscos à população e aos animais de produção, que são produzidos para alimentação das pessoas. Esse é o grande pilar da contribuição do Fesa no agro, garantindo apoio aos órgãos responsáveis pela defesa sanitária do estado de Mato grosso, com isso garantindo e certificando a qualidade dos produtos a serem consumidos pela humanidade”, explica Amarildo Merotti, vice-presidente do Fesa-MT.
Merotti complementa ainda que a importância de manter a sanidade nos animais, seja em relação à brucelose ou a qualquer outra doença, está diretamente ligada à manutenção da demanda pelo alimento produzido no estado e no país. “Mundialmente os países vêm trabalhando o conceito de Saúde Única, ou seja, a saúde sendo alicerçada em três pilares (saúde humana, saúde animal e saúde ambiental). A relação entre os animais e os seres humanos e a transmissão de doenças entre as espécies são temas importantes. Desta forma para que um país importe alimento de outro, as comprovações sanitárias, de inocuidade e análises de resíduos são fundamentais. Para Mato Grosso é motivo de muito orgulho ter uma produção de carne aceita em tantos países, isso demonstra o quanto somos responsáveis e capazes de produzir um alimento nobre, de qualidade e saudável.”