Identificação das demandas dos produtores rurais ajudaram Governo do Estado a elaborar políticas públicas mais efetivas e que atendessem os anseios dos segmentos de produção
Mato Grosso é o maior estado agrícola do país. Lidera a produção de algumas das principais commodities brasileiras, como soja e milho. Na última safra, por exemplo, o estado, sozinho, produziu mais grãos do que regiões inteiras, somando os números de todos os estados que as compõem. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foram 100,9 milhões de toneladas de grãos colhidos pelos produtores mato-grossenses, enquanto o Sul do país, composto por Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, somados, alcançou 83,4 milhões de toneladas. A nível de comparação, o Sudeste colheu 30,2 milhões de toneladas, o Nordeste 29,8 milhões de toneladas e o Norte 16,8 milhões de toneladas de grãos.
Saindo da agricultura e indo para pecuária, Mato Grosso também é destaque, com o maior rebanho bovino do país. Segundo o Instituto de Defesa Agropecuária (Indea), existem 34,3 milhões de cabeças de gado no estado. É como se cada habitante fosse dono de nove bovinos e meio.
Números tão altos fazem do setor o principal da economia do estado. Com isso, políticas públicas se fazem necessárias para atender e dar suporte ao trabalho feito no campo. “O setor em si se reúne, debate e leva, através das associações essas demandas ao governo, para que ele (o produtor) possa continuar produzindo de forma coerente e possa se preocupar da porteira para dentro, em ser competitivo na produtividade. E quando o governo sabe exatamente o que é, quais seriam essas necessidades, essas demandas, aí ele consegue agir de forma objetiva, como vem fazendo”, disse Itamar Canossa, presidente do Fórum Mato-grossense da Agropecuária.
O diretor técnico da Acrimat – Associação dos Criadores de Mato Grosso – Francisco Manzi, exemplifica. “O Plano de erradicação febre aftosa por exemplo só foi possível avançar para a suspensão da vacinação porque os produtores que por décadas compraram, transportaram, conservaram aplicaram a vacina e comunicaram ao órgão de defesa estadual. Graças a essas ações o estado de Mato Grosso não registra um único foco desde janeiro de 1996. A vacinação contra brucelose que segue a mesma linha de participação teve a sua prevalência diminuída pela metade e continuamos avançando”, explica.
Neste mês de novembro, por exemplo, todos os criadores de bovinos, bubalinos, ovinos, aves, suínos, equídeos, peixes e abelhas devem comunicar o número de animais que possuem ao Indea. A comunicação faz parte da segunda Campanha de Atualização de Estoques de Rebanhos. O prazo de comunicação termina em 30 de novembro e quem descumprir, poderá pagar multa de 29 UPFs (aproximadamente R$ 6 mil). No caso do rebanho bovino o procedimento substitui a vacinação contra a febre aftosa, que não é mais necessária a partir de 2023, após 40 anos de imunização.
“Conhecer o número efetivo do nosso rebanho é fundamental para conhecermos os nossos estoques, fazermos previsão de abates e quantidades necessárias de insumos. Além dos números, as espécies que cada produtor cria e a quantidade são importantes para que o Indea possa entender o risco sanitário, onde, quando e com que intensidade deve agir no caso de suspeita de enfermidade para eficazmente mitigá-lo”, afirma.
Desde o dia 09 de novembro a emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA), exceto para abate, só é ser emitida caso a comunicação tenha sido feita. Para comunicar, o criador deve ir até uma unidade do Indea ou fazer a declaração de maneira eletrônica pelo Módulo do Produtor.
A Acrimat é uma das associações fundadoras do FESA (Fundo Emergencial de Saúde Animal do Estado de Mato Grosso), junto com a Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso), Ovinomat (Associação Mato-grossense dos Criadores de Ovinos e Caprinos) e Sindifrigo (Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Estado de Mato Grosso). Parte do dinheiro a venda dos bovinos aos frigoríficos é destinada ao FESA, que tem papel fundamental na sanidade animal e resolver entraves que saem da competência do estado, como conta Manzi.
“O Fesa como o próprio nome já diz atua em ações emergenciais onde o estado pode esbarrar em burocracias que culminem com a perda do time. Cito como exemplo o caso suspeito de vaca louca em 2012 quando o Fesa fretou um avião e em horas o material coletado do animal em Mirassol D´oeste chegou em menos de 12 horas no laboratório no Nordeste. Outra ação importante foi a vigilância de fronteira com vacinação contra febre Aftosa em propriedades vizinhas ao estado na Bolívia custeando diárias de técnicos e a própria vacina”, finaliza.