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Homem apontado como um dos líderes da organização foi condenado a 112 anos de reclusão por lavagem de dinheiro oriundo do crime. Cabe recurso da decisão. Operação Overload deflagrada em outubro de 2020 revelou um complexo esquema de envio de entorpecentes para fora do Brasil.
A Justiça Federal de Campinas (SP) condenou a 112 anos de prisão por lavagem de dinheiro um homem apontado como um dos líderes de uma organização criminosa que usava o Aeroporto Internacional de Viracopos para o envio de cocaína à Europa.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Roberley Eloy Delgado comandava uma “rede familiar destinada à ocultação dos recursos oriundos do tráfico de drogas”. Somadas, as penas da família chegam a 199 anos. Cabe recurso da decisão – veja, abaixo, o posicionamento das defesas.
⚖ Penas da família em 1ª instância:
- Roberley Eloy Delgado: 112 anos, 2 meses e 10 dias de reclusão em regime inicial fechado
- Gislaine da Silva, mulher de Roberley: 35 anos de reclusão em regime inicial fechado
- Mirlene Hermínia Delgado Alves, irmã de Roberley: 31 anos de reclusão em regime inicial fechado
- Meire Cristina Delgado dos Santos, irmã de Roberley: 7 anos de reclusão em regime semiaberto
- Clodoaldo Aparecido dos Santos, marido de Mirlene: 7 anos de reclusão em regime semiaberto
- Rafael Augusto da Silva, irmão de Gislaine: 7 anos de reclusão em regime semiaberto
Além deles, o homem apontado como operador financeiro do esquema, André de Azevedo Avelino, recebeu pena de 7 anos de reclusão. Entenda o esquema:
👨👩👧👦 ‘Rede familiar’
De acordo com o MPF, Roberley Eloy Delgado comandava a rede familiar “destinada à ocultação dos recursos oriundos do tráfico de drogas”. Foi apurado que as transações envolviam a circulação de dinheiro em espécie, operações financeiras ilegais e a aquisição de imóveis e veículos sem registro.
O homem era peça-chave do esquema que acabou apurado e foi alvo da Operação Overload, da Polícia Federal, em outubro de 2020.
O MPF destaca que Roberley “intermediava remessas de cocaína com destino a terminais europeus, mantinha contato com fornecedores da droga e realizava a distribuição de valores obtidos com as vendas”.
A decisão da 1ª Vara Federal de Campinas foi proferida no último dia 18 de setembro, e o g1 teve acesso ao teor da sentença nesta terça (26).
Roberley já havia sido condenado em 2022 a outros 26 anos e 9 meses de prisão por sua atuação no esquema instalado no aeroporto de Viracopos.
💰 Lavagem de dinheiro
Ainda segundo o MPF, parte do dinheiro obtido com o tráfico foi apreendido com Roberley em setembro de 2020. “Autoridades encontraram R$ 342 mil em espécie, além de grande quantidade de dólares e euros”, destaca a promotoria.
O MPF informa que as investigações apontaram que outra parcela dos recursos ilícitos obtido com o tráfico internacional circulava pelo sistema bancário por meio das contas de suas irmãs, da própria filha e de empresas registradas em nome de laranjas.
“As quantias eram lavadas também a partir de empréstimos intermediados pela empresa AAX Consultoria em Gestão Empresarial, de André Avelino. As operações camuflavam-se com a simulação de contratos de compra e venda entre familiares de Roberley e os tomadores desses empréstimos. As transações não tinham autorização do Banco Central nem passavam por fiscalização do sistema financeiro”, detalha o Ministério Público Federal.
🏡🚗 Imóveis e carros
A investigação apontou que a compra de bens, entre elas a participação em hotel, também era usada no esquema de lavagem de dinheiro oriundo do envio de cocaína à Europa.
Segundo o MPF, foi apurado que foram adquiridos 13 veículos e nove imóveis com a quantia obtida pelo tráfico internacional, todos sem registro que apontassem o verdadeiro dono, que seria Roberley.
“Entre essas propriedades estão participações em um hotel em Foz do Iguaçu (PR) e uma chácara em Monte Mor (SP), documentada em nome de Rafael da Silva, mas cuja piscina tem a inscrição “Família Delgado” feita com azulejos”, destaca o MPF.
O que dizem as defesas?
O advogado Alex Lúcio Alves de Faria, que representa Roberley, Gislaine e Rafael no processo informou que já apresentou recurso contra a decisão.
“A defesa técnica já apresentou recurso e não tem dúvidas de que a decisão de primeira instância será reformada pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região, tendo em vista que Roberley já foi condenado em outro processo pelos menos fatos”, destacou o defensor.
O g1 tentou contato por telefone com os advogados que representam os outros condenados, mas não obteve retorno. A reportagem será atualizada assim que as defesas se manifestarem.
✈ Operação Overload
Na data da operação, em 6 de outubro de 2020, além dos 32 suspeitos detidos, dois morreram. Acesso a informações privilegiadas do esquema de segurança, ameaça a funcionários e transporte de drogas por trator, palets, malas e até com veículo de entrega de comida estavam entre os métodos de atuação da quadrilha revelados por investigadores da PF.
Viracopos, atualmente, é o maior terminal do país em volume de cargas movimentadas por via aérea. Na ocasião, a concessionária do terminal destacou que colaborava com as investigações.
Segundo a PF, a quadrilha ficava responsável pelo fornecimento de cocaína que seria levada para a Europa. Além disso, o grupo aliciou funcionários que atuavam no aeroporto para que interferissem a favor da quadrilha nas atividades de logística do terminal.
Ainda de acordo com a investigação, entre os funcionários e ex-funcionários terceirizados de Viracopos que atuavam com a quadrilha estão vigilantes, operadores de tratores, coordenadores de tráfego, motoristas de viaturas, auxiliares de rampa, operadores de equipamentos e funcionários de empresas fornecedoras de refeições a tripulantes e passageiros, que eram os responsáveis pelo esquema de embarque das drogas nas aeronaves com destino ao exterior.
Durante as investigações, as autoridades conseguiram apreender 138 quilos de entorpecentes negociados pelo grupo.
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